Depois de despencar quase 14% na véspera, em razão dos riscos econômicos relacionados ao coronavírus, a bolsa de valores de São Paulo (B3) teve dia de trégua nesta terça-feira (17). Ao final da sessão, seu principal índice, o Ibovespa, subiu 4,85%, a 74.617 pontos.
O alívio momentâneo também se refletiu no dólar, que registrou baixa de 0,88%. Mesmo com o recuo, voltou a fechar acima da marca simbólica de R$ 5, cotado a R$ 5,002.
Segundo analistas, a trégua espelha o anúncio de medidas de estímulo à economia, em países como os Estados Unidos, para atenuar efeitos da pandemia. O governo brasileiro também anunciou pacote de ações que tenta minimizar os efeitos do coronavírus no ambiente de negócios. Na segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou injeção de R$ 147,3 bilhões na atividade.
— Algumas medidas anunciadas tanto lá fora quanto aqui dentro deram certo alento de que os efeitos da crise serão reduzidos. Alguns investidores entenderam que o momento é de adquirir ações por preços mais baixos, e empresas anunciaram recompra de papéis. Esses fatores provocaram alguma ajuda durante o dia — avalia o economista-chefe da corretora Geral Asset, Denilson Alencastro.
Apesar do alívio nesta terça-feira, a volatilidade tende a seguir no mercado financeiro nas próximas sessões, diz o economista. Ou seja, com as incertezas provocadas pelo coronavírus, a bolsa de valores e o dólar podem seguir intercalando dias de tensão com sessões de alta.
— O mercado vai seguir de maneira volátil. O momento é de crise. A bolsa pode cair muito em um dia e subir no seguinte — reforça Alencastro.
Nesta quarta-feira (18), os investidores estarão de olho no desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. No fim da tarde, o colegiado tende a anunciar nova baixa na taxa básica de juro, apostam analistas. Hoje, a Selic está em 4,25% ao ano, menor nível histórico no país.
Se reduzir a taxa, o Copom demonstrará tentativa de incentivo à economia diante das dificuldades no cenário. A Selic serve de referência para linhas de crédito oferecidas por bancos a empresas e consumidores no país.
Na segunda-feira, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que as cinco maiores instituições associadas (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander) estão abertas a atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, de vencimentos de dívidas de clientes. O Banrisul seguiu o mesmo caminho. Em nota, o banco gaúcho também anunciou na segunda-feira a prorrogação dos vencimentos.