Residindo temporariamente em Fanzolo, na região de Treviso, na Itália, há cerca de um mês, os jornalistas gaúchos Diego Guichard, 39 anos, e Gabriela Loeblein, 37, já estão planejando sua saída do país em consequência do medo e das incertezas trazidos pelo coronavírus. O Norte já tem cidades colocadas em quarentena, na tentativa de frear a disseminação da doença. Seis mortes foram confirmadas na Itália até a publicação desta reportagem.
No final de semana, o casal viajou a turismo até Milão, também no norte italiano, tradicional destino para os amantes do universo fashion, onde se realiza uma das mais tradicionais semanas de moda do mundo. A chegada e as primeiras horas de estada foram tranquilas, conforme relatou Guichard a GaúchaZH. No passeio até a Catedral de Milão (Duomo), no sábado (22), eles avistaram as primeiras pessoas usando máscaras cirúrgicas. Pouco a pouco, o noticiário começou a ser tomado pelas novidades indesejadas: o primeiro óbito, registrado na sexta-feira (21) na região de Pádova, e o segundo, na Lombardia.
— Aí a gente viu que o pessoal passou a ficar meio tenso. Aumentou o número de máscaras pelas ruas — contou o jornalista.
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Entre o glamour, o turismo e a preocupação crescente, criaram-se cenas inusitadas:
— Vários blogueiros, blogueiras e influencers estavam usando máscaras e as tiravam para fazer as fotos e publicar no Instagram. Algumas máscaras superelaboradas, o pessoal superbem vestido.
Guichard e Gabriela deram continuidade ao passeio, sempre alertas. No domingo (23), o cenário já estava bem diferente. Os usuários de máscaras se multiplicaram, ambulâncias circulavam de um lado para outro com as sirenes ligadas. De manhã, os supermercados ficaram lotados – a população começava a se abastecer para um eventual período de reclusão forçada, esvaziando as prateleiras.
O casal decidiu abreviar a viagem, que se estenderia para outras localidades. Na estação central de trem de Milão, eles não encontraram a calmaria do momento da chegada.
— Quando comprei a passagem, vi que foi cancelado o trem para Verona, destino por onde passaria nosso trem. Aí fiquei tenso. Vários trens tinham sido cancelados. O pessoal na estação estava bem nervoso — narrou Guichard.
Em busca de informação, Guichard e Gabriela acabaram por descobrir que teriam de mudar de estação. Depois de embarcar em diversos trens, conseguiram chegar em casa. Em Fanzolo, a população ainda está calma, mas o casal está se organizando para partir outra vez com o intuito de se proteger.
— Nossa ideia é sair no próximo final de semana. No sábado (29), vamos voar para Barcelona, na Espanha, para nos afastar desse foco. Torço para que não fechem as fronteiras, que a nossa cidade não fique em quarentena e que esse caos seja controlado.