O secretário da Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, afirmou que a rede municipal está em alerta devido ao coronavírus, após a confirmação do primeiro caso de contaminação no Brasil. Em entrevista ao Gaúcha Mais nesta quarta-feira (27), Stürmer explicou que as medidas para a contenção de um surto na Capital serão semelhantes às adotadas no inverno, quando a capacidade de atendimento das unidades é ampliado devido ao aumento do número de doenças respiratórias.
O secretário disse que Porto Alegre prepara uma espécie de "operação inverno" todos os anos, com ações que incluem ampliação da capacidade de atendimento nas unidades de saúde, nos pronto-atendimentos, como também no aumento da reserva de leitos. Ele citou como exemplo o Hospital Presidente Vargas, onde há um incremento significativo de leitos durante o inverno e o outono, principalmente para o atendimento a crianças que necessitam de internação.
— A secretaria já tinha as ações visualmente mapeadas, e tivemos um reforço adicional nesta época do ano (no verão) por causa do coronavírus — relata o secretário.
Apesar de minimizar a letalidade do coronavírus, fazendo coro às palavras do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que o classificou como uma nova gripe, Stürmer destacou o procedimento que deve ser adotado em casos suspeitos. O alerta vale especialmente para pessoas que retornaram de viagem e que apresentem sintomas da doença.
— Caso surjam sintomas, (as pessoas devem) procurar prontamente a unidade de saúde mais próxima de sua casa ou seu profissional de referência. Nós organizamos para os casos não graves, que são a grande maioria, uma equipe de coleta domiciliar de secreções para que aqueles pacientes cuja recomendação é o recolhimento domiciliar não precisem ficar se deslocando de um serviço para outro para coletar exames — explica Stürmer, ressaltando que os serviços a domicílio são realizados apenas a partir de solicitação médica, para pacientes que apresentem sintomas da doença.
Estrutura de contenção de Porto Alegre
Stürmer descarta que sejam realizadas, em um primeiro momento, ações de isolamento populacional como foi promovido em alguns lugares do mundo. No entanto, explica que, como a Capital faria o contingenciamento do vírus em caso de uma pandemia, que é uma disseminação do vírus por vários países, em vários continentes e com transmissão local.
— Se a gente evoluir para pandemia, a grande preocupação será identificar rapidamente os casos graves e fazer com que os não graves tenham o devido atendimento e não sobrecarreguem as emergências — afirma.
A partir de contatos preliminares realizados com os hospitais da Capital, o secretário revelou que muitas unidades se consideram aptas para prestar o devido atendimento a pacientes que necessitem de isolamento respiratório. Além disso, Stürmer afirma que não é preciso buscar os hospitais federais de Porto Alegre, Conceição e Clínicas.
— Sendo uma pequena quantidade de casos e o hospital se sentindo apto a dar o devido atendimento, ele pode manter o paciente nesse isolamento. É claro que, se houver um aumento de casos, nós estamos verificando algumas áreas de hospitais federais que estariam disponíveis para o atendimento de um maior contingente de casos, e obviamente a gente inclui o Conceição e o Clínicas — destaca.
Preocupação com crianças na escola
Outro ponto bastante sensível da aproximação do vírus é o cuidado com as crianças, principalmente com aquelas em idade escolar. Segundo Stürmer, as aulas na rede municipal continuarão normalmente, principalmente porque as faixas etárias mais afetadas pelo coronavírus são as mais avançadas.
— Neste momento, não tem circulação do coronavírus, e ele começa a surgir em uma época de circulação de outros vírus, o que pode gerar uma confusão. A pessoa apresenta sintoma de resfriado e já tem a preocupação de que seja o vírus novo. Outra informação importante com relação às crianças, que a gente observa pelo perfil, e o Ministério da Saúde apresentou isso hoje pela manhã também, não é um perfil de acometer mais crianças. Temos poucas crianças proporcionalmente afetadas, e a mortalidade nas crianças é ainda menor — informa o secretário.