O avanço do coronavírus pelo mundo provoca impacto na venda de máscaras de proteção em regiões de Porto Alegre nos primeiros meses do ano. Em uma ronda pelos bairros Menino Deus e Centro – duas das áreas com maior concentração de farmácias na Capital –, a reportagem de GaúchaZH constatou que a procura pelo produto aumentou, se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo lojistas. Na maioria dos locais consultados, a sensação é praticamente a mesma. A elevação nas vendas teve um pico nas últimas semanas e estava estabilizando aos poucos nos últimos dias. No entanto, a confirmação de um caso da doença no Brasil pode provocar novo aquecimento nas vendas. Pessoas com viagens aéreas marcadas estão entre os principais compradores.
Na farmácia Santa Rita, da Rede Associadas, na Avenida Getúlio Vargas, a elevação na demanda pelo produto obrigou a gerência do estabelecimento a aumentar o estoque de máscaras cirúrgicas de cem para cerca de 400 unidades. O estabelecimento também passou a oferecer as máscaras com filtro, do modelo N95, popularmente conhecidas como “bico de pato” (veja mais abaixo). Segundo a balconista Tatiane Aguirres, que trabalha há cinco anos no local, a alta procura por esse item mais robusto fez com que a empresa começasse a trabalhar com pelo menos cinco caixas em estoque.
— Nos últimos dois meses, tive que fazer a compra dessas máscaras especiais porque teve procura. Aumentamos o estoque de duas para cinco caixas — explicou Tatiane.
Na loja onde Tatiane trabalha, o preço da máscara cirúrgica é R$ 1 a unidade. Já a do modelo N95 está R$ 17,90. A balconista destaca que, antes do avanço do coronavírus, o local vendia poucas peças do material descartável, geralmente para pessoas que trabalham com tatuagem, estética e limpeza em geral. Agora, o principal público comprador é composto por pessoas que vão viajar de avião durante as férias.
Outro produto de proteção que costuma sofrer impacto em épocas de avanço de doenças respiratórias, o álcool gel também está sendo mais requisitado na loja. Segundo Tatiane, a quantidade do frasco de 430g, que custa R$ 13,97, subiu de seis para 24 na farmácia. O estoque da embalagem menor, de 50g, vendida a R$ 3,90, não foi reposto no momento em razão da falta do produto na distribuidora, conforme a balconista.
Na mesma avenida, em outra loja da Rede Associadas, funcionários da farmácia Central também atestam saída mais volumosa de máscaras de proteção nas últimas semanas. O estabelecimento está com o estoque de unidades no estilo “bico de pato” zerado e aguarda novo carregamento. Na prateleira, apenas peças da máscara cirúrgica, vendidas a R$ 2,50, eram oferecidas aos clientes do estabelecimento nesta quarta-feira.
— Com a procura, vamos aumentar nosso estoque para poder fazer a transferência para as outras lojas (da farmácia Central). Não só ficar aqui — afirmou.
Na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, o movimento nas farmácias no Centro e no Menino Deus era abaixo do comum, apontando reflexo do fim do recesso de Carnaval.
No Centro, procura aumentou também
Farmácias do centro de Porto Alegre também registram mais procura pelo produto. Gerente da farmácia PanAmericana, na Avenida Borges de Medeiros, Rodrigo Ferreira da Silva, 31 anos, afirma que o número de máscaras do tipo cirúrgica vendidas por dia na loja saltou de três para 60, se comparado ao mesmo período do ano passado. O item custa R$ 0,49 no estabelecimento. Em relação ao tubo de álcool gel de 60g, Silva estima elevação de 40% na saída do produto.
Na farmácia Prime, da Rede Associadas, na Rua dos Andradas, o gerente Marcos Sulivan, 33 anos, destaca uma mudança de comportamento do público que procura as máscaras de proteção no local.
— Antes, as pessoas pegavam duas, três unidades. Agora, já pedem a caixa inteira — salientou.
Ao procurar o produto atrás do balcão, Sulivan constatou que o último saldo do material havia sido vendido há pouco. Ao questionar uma das vendedoras do local, recebeu a resposta de que a última caixa que constava na prateleira acabara de ser vendida a um senhor.
— Tu vê. O pessoal já está levando de caixa — afirma.
Sulivan disse que a loja já fez um novo pedido do material, que deve chegar até quinta-feira (27). O gerente estima aumento de 100% na venda das máscaras, comercializadas a R$ 1 a unidade, em relação ao mesmo período de 2019. A farmácia também já está trabalhando na aquisição de máscaras no estilo “bico de pato”, já que muitos clientes perguntam sobre o produto.
Segundo todos os estabelecimentos consultados por GaúchaZH nesta quarta-feira, tanto o preço das máscaras de proteção quanto o do álcool gel não sofreram alterações até o momento.
OMS diz que uso de máscaras por quem está sadio é desnecessário
Mesmo com confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, a OMS (Organização Mundial de Saúde) assegura que não há necessidade de se fazer uso indiscriminado de máscaras médicas. Porém, o órgão adverte que a população deve fazer a higiene correta das mãos para evitar contaminações em geral – como gripes comuns, por exemplo.
Segundo a OMS, pessoas que não apresentam sintomas da doença ou que não tiveram contato com infectados só devem usar máscara se forem atender alguém com suspeita de contaminação pelo coronavírus. Quem esteve com pacientes suspeitos e apresentar sintomas como tosses e espirros deve utilizar as máscaras para evitar a propagação. Em situações como essa, é necessário procurar um serviço de saúde.
A OMS adverte que o uso das máscaras somente é eficaz se combinado com medidas de higiene, como a lavagem frequente das mãos com água e sabão ou a desinfecção com álcool gel. Também é necessário aprender como colocar e descartar os equipamentos.
MÁSCARAS MÉDICAS
Como usar:
- Antes de colocar a máscara, é fundamental que se higienize corretamente as mãos com água e sabão ou álcool gel;
- Cubra a boca e o nariz, certificando-se de que não há espaços entre o rosto e a máscara;
- Evite tocar a máscara enquanto a usa. Se isso acontecer, lave as mãos com água e sabão ou utilize álcool gel;
- Quando a máscara estiver úmida, troque-a;
- Nunca reutilize a máscara.
Como retirar:
- Tire a máscara por trás (não toque na parte da frente);
- Descarte a máscara em um recipiente fechado;
- Após a retirada, lave as mãos com água e sabão ou faça a higienização com álcool gel.