Em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta quarta-feira (26), o secretário-executivo do ministro da Saúde, João Gabbardo, afirmou que o Ministério da Saúde não esperava que a epidemia de coronavírus chegasse ao Brasil "tão rápido". O primeiro caso no país foi confirmado em um paciente que mora em São Paulo.
— Trabalhávamos num cenário de que a epidemia não chegaria até aqui tão rápido, mas na semana passada já incluímos a Itália na lista de países porque sabíamos que chegaria mais rápido pela Itália do que pela China. O que muda (no trabalho do Ministério da Saúde) é que os diagnósticos passarão a ser feitos pelos critérios clínicos e laboratoriais, e não por ter vindo ou não de um lugar, que vai deixar de ser relevante, porque estaremos com casos no mundo inteiro.
Gabbardo ainda comentou que a doença pode ter mais impacto no Rio Grande do Sul do que em outras regiões do país:
— No Rio Grande do Sul, o frio favorece não pelo frio, mas porque as pessoas ficam em ambientes fechados, aglomeradas, com mais condições para lesões na boca, na laringe, pela tosse.
A recomendação é evitar aglomeração, ambientes fechados. Se a pessoa estiver doente, não ir para a escola, trabalhar, se possível não viajar, porque isso evitará transmissão para outras pessoas. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná têm atenção especial porque têm maior registro de gripes e, por isso, deverão ter mais casos de coronavírus.
Diagnóstico
Conforme o secretário, tanto o coronavírus quanto a gripe possuem sintomas semelhantes, o que configura o mesmo tratamento.
— Não tem como diagnosticar se é coronavírus ou gripe comum, a não ser por testes. É impossível diferenciar de qualquer infecção viral, só mediante teste específico.
A recomendação, segundo Gabbardo, é que se faça testes específicos para o coronavírus até que se chegue a um total de cem casos confirmados no Brasil. Depois, o tratamento será recomendado a partir apenas de análise clínica dos sintomas, sem exames.
— O tratamento é absolutamente o mesmo. Até o tamiflu será recomendado para ser usado, tendo confirmação ou não de coronavírus — explicou o secretário.
Sobre as vacinas, Gabbardo afirma que o Instituto Butantan – que é quem fabrica o medicamento – está fazendo um esforço "monumental" para que fique tudo pronto até o inicio de março, quando o governo planeja começar a campanha.
— Vacina para coronavírus é inviável para esta temporada. Provavelmente, tenhamos para o ano seguinte — acrescenta.
O Ministério da Saúde ainda não orienta a população a usar máscaras cirúrgicas. Conforme o secretário executivo, o aparato não serve para evitar o contágio de pessoas saudáveis, mas sim para impedir que indivíduos doentes transmitam a doença:
— As máscaras não têm nenhum sentido de proteção para pessoas que as utilizam. Não adianta colocar máscara cirúrgica e ir para área de risco. A máscara serve para quem está doente reduzir a possibilidade de transmitir o vírus para os outros.
A máscara do tipo N95, conforme Gabbardo, é a única que protege quem convive com pessoas que apresentem o quadro. As outras máscaras só devem ser usadas por quem está doente.
Caso de São Paulo
O Ministério da Saúde tem como meta monitorar não todos os passageiros do voo onde estava o brasileiro contaminado, mas sim pessoas que estiveram próximas à poltrona ou tiverem contato com ele. O paciente está isolado em casa e os seus familiares também estão sendo monitorados.
— O pessoal está investigando a lista de passageiros do voo que veio da Itália. Não tem como confirmar se alguma das pessoas avaliadas vieram do voo. Essas pessoas já estão sendo contatadas, não todas, mas as que estavam próximas do passageiro serão monitoradas, bem como seus familiares e amigos — disse.