No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia em Wuhan, na província de Hubei, na China. O vírus não parecia ser conhecido.
Uma semana depois, em 7 de janeiro, as autoridades confirmaram a identificação de um novo vírus que está sendo chamado temporariamente de 2019-nCoV. Ele faz parte do coronavírus, um família de vírus que causam síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia.
A OMS está trabalhando com as autoridades chinesas e especialistas do mundo todo para saber mais sobre esse vírus, como ele afeta as pessoas, como deve ser o tratamento e o que os países podem fazer para responder a essa crise.
Até agora, 17 pessoas morreram e centenas foram infectadas. Há um caso de suspeita de contaminação em Minas Gerais. Centenas de milhões de pessoas devem se deslocar pelo país nesta semana para celebrar o Ano-Novo chinês.
Esclareça suas dúvidas sobre o coronavírus
O que é?
O coronavírus é uma família de vírus que causa síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia. Versões mais graves do coronavírus causam doenças piores, como a temida Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), responsável pela morte de mais de 600 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003. A versão de vírus que circula agora é uma espécie nova, desconhecida da comunidade médica, e o medo é de uma pandemia global.
Quais os sintomas?
Dentre os possíveis sintomas estão febre, dor, dificuldade para respirar, tosse, diarreia e pneumonia.
O vírus é transmitido facilmente?
Segundo o Centro para Vigilância e Prevenção de Doenças (CDC), equivalente dos Estados Unidos à Anvisa, não está claro se o novo coronavírus é transmitido facilmente ou não. Outra pergunta em aberto é: para transmitir, é preciso estar doente ou apenas ter o vírus no corpo? A resposta a isso é o que definirá a gravidade do vírus.
Quantas pessoas morreram?
O número de mortos subiu para 17 e ao menos 444 pessoas foram infectadas. A primeira morte foi em 11 de janeiro.
Onde surgiu?
Na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China. A metrópole de 11 milhões de habitantes está isolada. Trens e voos foram interrompidos e detectores de febre foram instalados nas estações de embarque e no aeroporto. Nas estradas, a temperatura corporal é medida pelos postos de controle e, para sair da cidade, o transporte não pode ser feito de carro. Para evitar qualquer concentração de pessoas, as autoridades anularam as comemorações do Ano-Novo Lunar chinês na cidade. As autoridades também proibiram qualquer espetáculo e fecharam um museu.
Como surgiu?
O CDC identifica um grande mercado atacadista de peixes e frutos do mar na cidade de Wuhan como a origem das infecções.
Como ele é transmitido?
De animal para pessoa e de pessoa para pessoa. Segundo o governo chinês, o vírus pode se modificar e ser transmitido mais facilmente. O medo é de que a doença ganhe força no país asiático em meio ao feriadão do Ano-Novo Lunar, quando milhões de pessoas viajam pelo país. Segundo o CDC, pessoas mais velhas parecem ter maior risco.
Como é o tratamento?
Não há tratamento contra o coronavírus em si, apenas contra os sintomas. Pacientes tomam remédio para baixar a febre e podem receber máscara de oxigênio para respirar melhor, por exemplo.
Preciso me preocupar com a chegada do vírus ao Rio Grande do Sul?
Há um caso suspeito em Belo Horizonte. Caso confirmado, há risco de o novo coronavírus ter infectado outras pessoas.
Quais os cuidados?
Lavar as mãos (sobretudo quem passar por aeroportos), evitar contato dos dedos com mucosas do nariz, olhos e boca. É recomendável usar álcool em gel.
A vacina contra a gripe protege?
Não. Segundo Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da UFRGS, o vírus da gripe não é o coronavírus, e sim o influenza. Portanto, a vacina regular tomada antes do inverno não protege.
Onde foi a primeira infecção fora da China?
Na Tailândia, de uma mulher com pneumonia leve que voltou de uma viagem a Wuhan. Logo surgiram informações sobre casos em Japão, Coreia do Sul e Taiwan. Na última terça-feira, foram anunciados um caso na Austrália e outro nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, Brasil e México registraram casos suspeitos.
O que outros países estão fazendo?
Reino Unido, Austrália, Rússia, Cingapura e Turquia adotaram medidas em fronteiras e aeroportos para evitar a entrada do coronavírus. Dentre as ações, estão a criação de zonas especiais exclusivas para passageiros vindos da China e o uso de câmaras térmicas para identificar alta temperatura corporal (a pneumonia por coronavírus gera febre alta). O aeroporto de Heathrow, em Londres e o maior da Europa, tem uma zona especial agora para passageiros vindo da China. Em Cingapura, todos os passageiros vindo da China serão separados. Os Estados Unidos planejam colocar sensores de calor em aeroportos.
Por que o nome coronavírus?
Visto de um microscópio, o coronavírus parece uma coroa ou auréola. Em inglês, coroa é "crown".