Ainda na maternidade, os recém-nascidos passam por exames e testes que ajudam na detecção de problemas logo nos primeiros momentos de vida. O mais conhecido é o teste do pezinho, mas outros são também são realizados, como os testes do coração, do olho e da orelha. Entretanto, para os bebês que têm nascido em Viamão, na Região Metropolitana, a vida já inicia com esta etapa não sendo cumprida corretamente.
O Hospital de Viamão, único do município da Região Metropolitana, está sem o equipamento necessário para a realização do teste da orelhinha. Chamado de triagem neonatal auditiva, o exame é relativamente simples, mas essencial na identificação precoce de possíveis perdas auditivas nos recém-nascidos, como explica uma publicação do Ministério da Saúde.
Para realização do teste, um fone acoplado a um computador é colocado na orelha do bebê e emite sons de fraca intensidade. O equipamento recolhe as respostas que a orelha interna da criança produz, demonstrando a existência ou não de problemas.
Conforme o ministério, o exame deve ser feito, “geralmente, no segundo ou terceiro dia de vida do bebê, é indolor, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos”. Ainda há uma lei federal sancionada em 2010 que determina “a realização gratuita do exame em todos os hospitais e maternidades, nas crianças nascidas em suas dependências”.
Com a falta do equipamento em Viamão, o auxiliar jurídico Artur Cabreira Figueiredo Borba, 29 anos, e a dona de casa Bianca Silva da Cunha Borba, 23 anos, não sabem a quem recorrer. No dia 24 de novembro, nasceu no hospital da cidade a pequena Ruth, filha do casal. Três dias depois, a família foi para casa, sem sequer saber da necessidade de realização do teste da orelhinha.
— Na primeira consulta com o pediatra, no posto de saúde, fomos questionados sobre a realização do exame. Nem sabíamos que este teste precisava ser feito, ninguém nos falou nada no hospital — recorda Artur.
Particular
Desde então, pai e mãe fazem contatos frequentes com a instituição e são apenas informados que não há prazo para que o procedimento seja realizado. Com o tempo passando — Ruth já completou dois meses de vida —, a família começou a pesquisar o custo do exame na rede particular.
— Em locais de Porto Alegre vi que o valor cobrado fica entorno de R$ 60. Já pesquisei e vi que é um direito o exame ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas creio que vamos acabar pagando — critica o pai.
O Hospital Viamão é gerido pelo Instituto de Cardiologia — Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC). Entretanto, a instituição afirmou, em nota, que o teste da orelhinha “é de responsabilidade da Secretaria Municipal da Saúde, e não do hospital. O Hospital de Viamão disponibiliza um espaço de atendimento para facilitar o acesso da população ao exame, no entanto, o profissional e o equipamento são responsabilidade da administração municipal”.
Promessa de regularização
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Viamão informou que a realização do teste deve ser retomada em 10 dias. A pasta não informou desde quando o exame não está sendo feito, mas garante que não ultrapassou os 90 dias — data limite para que seja feito.
Conforme nota da prefeitura, “o aparelho otoacústico já está em processo de compra, que deve ser concluído em até 10 dias”. A prefeitura não deu orientação de como devem proceder as famílias cujos recém-nascidos precisam do teste, mas garante que os pais serão informados assim que a situação for normalizada.