Em meio ao avanço de casos do novo coronavírus na China e novos registros em outros países, o Ministério da Saúde se prepara para abrir uma licitação para contratar cerca de mil leitos extras de unidades de terapia intensiva (UTIs). A previsão é de que os leitos sejam abertos em hospitais de referência para o atendimento de possíveis casos em até 30 dias.
— É bem provável que vamos precisar de um acréscimo na oferta de leitos de cuidados intensivos, então começamos a abrir um processo de licitação para ter mais mil leitos de UTI em hospitais de referência para coronavírus. A partir daí, os leitos serão colocados em 30 dias em funcionamento nos hospitais que forem selecionados pelos Estados — disse o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis.
Segundo Gabbardo, os leitos devem ser distribuídos conforme a necessidade de cada local.
— A distribuição seguirá os planos de contingência e a evolução da doença — diz.
O valor do investimento não foi informado — em geral, o custo mensal varia entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por leito.
A medida faz parte de um conjunto de ações de planejamento em meio ao risco de entrada do vírus no país. Nesta quinta-feira (30), a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu declarar emergência em saúde pública a nível internacional devido ao coronavírus.
Representantes do Ministério da Saúde disseram que a avaliação da OMS já era esperada.
— A avaliação de risco não é estática, muda diariamente. Estamos acompanhando o desdobramento das ações. Não é nenhuma surpresa a adoção dessa nova definição ou declaração — afirma o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.
De acordo com Oliveira, a pasta ainda analisará as recomendações da organização para verificar se há necessidade de alguma mudança nas ações já adotadas no Brasil em relação ao vírus. A declaração, por si só, não traz uma mudança imediata, diz ele.
— Temos que ver se houve mudança relativa ao trânsito de pessoas ou na definição de casos. Adotaremos e seguiremos as recomendações da OMS.
No mundo todo são mais de 9 mil casos confirmados de coronavírus. Destes, quase todos ocorreram na China continental. Ao todo, 22 países já registraram infecções pelo novo vírus.
Balanço divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Ministério da Saúde mostra que o Brasil ainda registra nove casos de suspeita de coronavírus. Os registros de suspeita da doença estão distribuídos atualmente em Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), São Paulo (3), Rio Grande do Sul (2), Paraná (1) e Ceará (1).
Em geral, o ministério considera como casos suspeitos aqueles que apresentam febre e sintomas respiratórios, como tosse e dificuldade para respirar, além de histórico de viagens à China em até 14 dias antes do início dos sintomas — o período corresponde ao tempo máximo avaliado até o momento de incubação do vírus (tempo entre a infecção e o desenvolvimento dos sintomas).
Na última semana, a pasta ativou um centro de operações de emergência para monitorar o registro de possíveis casos. O centro, formado por especialistas em emergência em saúde pública, foi ativado em nível 1, entre três possíveis, o que indica um alerta inicial, visando a preparação da rede de saúde.
Com o registro do primeiro caso suspeito, o nível de alerta passou a 2, o que indica um risco iminente do vírus entrar no país. Caso haja confirmação do primeiro caso, a previsão é que esse alerta passe ao último nível, quando o país poderá declarar emergência em saúde pública a nível nacional. A medida visa reforçar ações para evitar que haja a manutenção da transmissão da doença no país e garantir que haja assistência a possíveis casos.