Dois casos suspeitos de infecção por coronavírus foram notificados pelos municípios de Novo Hamburgo e Gravataí, na Região Metropolitana, entre a tarde de quarta-feira (29) e o fim da manhã desta quinta-feira (30). Os dois casos já estão em análise pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), para verificar se configuram algum vírus respiratório como influenza, parainfluenza e adenovírus – em São Leopoldo, um caso suspeito de coronavírus foi descartado e teve diagnóstico como H1N1. Em paralelo, amostras de secreção respiratória dos pacientes em Gravataí e Novo Hamburgo foram encaminhadas para o laboratório de referência para análise do coronavírus no Brasil, a Fiocruz no Rio de Janeiro. O Brasil ainda não tem nenhum caso confirmado da doença.
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde informou que um dos dois casos suspeitos havia sido descartado anteriormente, mas, diante da mudança do quadro de saúde do paciente, voltou à lista de suspeições. A Secretaria Estadual de Saúde (SES), entretanto, sustenta que os casos atualmente suspeitos são novos, notificados entre esta quarta e quinta-feira.
Em Gravataí, a paciente é uma mulher de 27 anos que esteve em viagem à China. Já em Novo Hamburgo, o caso é de um homem de 54 anos que reside em Hong Kong e foi atendido durante estadia na cidade. Ambos apresentaram o quadro de febre atrelada a um sintoma respiratório, mas a Secretaria Estadual da Saúde informa que não houve necessidade de internação hospitalar. Aos dois, foi recomendado o isolamento domiciliar. As vigilâncias municipais dos municípios e do Estado mantêm monitoramento dos casos.
O Ministério da Saúde divulgou que o número de casos suspeitos continua o mesmo em relação ao último balanço, ficando em nove casos no Brasil. Além do Rio Grande do Sul, os outros casos que entraram para a planilha de suspeições estão no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, no Ceará e no Paraná.
Outras quatro situações no Rio Grande do Sul já foram descartadas ou excluídas, em residentes nas cidades de São Leopoldo (dois casos) e Dois Irmãos (dois casos).
— Essas colunas e esses dados podem ser alterados diariamente. Não significa que um caso descartado seja permanente — afirmou, em coletiva de imprensa, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis.
É considerado suspeito o caso de uma pessoa que nos últimos 14 dias tenha tido viagem para a China e que venha a apresentar febre acompanhada de algum sintoma respiratório (tosse ou dificuldade para respirar) ou aquela pessoa que tenha tido contato com um caso suspeito e também tenha apresentado esse quadro clínico.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a considerar, nesta quinta-feira (30), a situação como uma emergência de saúde pública de importância global. No Brasil, são nove o número de casos suspeitos hoje em investigação. Outros 33 já foram descartados ou excluídos. Desde o final de dezembro, mais de 7,7 mil casos foram registrados na China, com 170 óbitos entre eles. Fora da China, foram confirmados 82 casos em 18 países.
Esclareça suas dúvidas sobre o coronavírus
O que é?
O coronavírus é uma família de vírus que causa síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia. Versões mais graves do coronavírus causam doenças piores, como a temida Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), responsável pela morte de mais de 600 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003. A versão de vírus que circula agora é uma espécie nova, desconhecida da comunidade médica, e o medo é de uma pandemia global.
Quais os sintomas?
Dentre os possíveis sintomas estão febre, dor, dificuldade para respirar, tosse, diarreia e pneumonia.
Onde surgiu?
Na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China. A metrópole de 11 milhões de habitantes está isolada. Trens e voos foram interrompidos e detectores de febre foram instalados nas estações de embarque e no aeroporto. Nas estradas, a temperatura corporal é medida pelos postos de controle e, para sair da cidade, o transporte não pode ser feito de carro. Para evitar qualquer concentração de pessoas, as autoridades anularam as comemorações do Ano-Novo Lunar chinês na cidade. As autoridades também proibiram qualquer espetáculo e fecharam um museu.
Como surgiu?
O Centro para Vigilância e Prevenção de Doenças (CDC), equivalente dos Estados Unidos à Anvisa, identifica um grande mercado atacadista de peixes e frutos do mar na cidade de Wuhan como a origem das infecções.
Como ele é transmitido?
De animal para pessoa e de pessoa para pessoa. Segundo o governo chinês, o vírus pode se modificar e ser transmitido mais facilmente. Conforme o CDC, pessoas mais velhas parecem ter maior risco.
Como é o tratamento?
Não há tratamento contra o coronavírus em si, apenas contra os sintomas. Pacientes tomam remédio para baixar a febre e podem receber máscara de oxigênio para respirar melhor, por exemplo.
Quais os cuidados?
Lavar as mãos (sobretudo quem passar por aeroportos), evitar contato dos dedos com mucosas do nariz, olhos e boca. É recomendável usar álcool em gel.
A vacina contra a gripe protege?
Não. Segundo Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o vírus da gripe não é o coronavírus, e sim o influenza. Portanto, a vacina regular tomada antes do inverno não protege.
Por que o nome coronavírus?
O nome vem do latim corona, que significa coroa. Visto de um microscópio, o coronavírus parece uma coroa ou auréola.