O ministro da Cidadania, Osmar Terra, defendeu neste sábado (7), em Porto Alegre, a realização de um plebiscito sobre a legalização da maconha no Brasil. Segundo ele, há um “lobby poderoso” por parte de juízes para liberar o consumo da droga.
— A sociedade tem de ser ouvida, é a sociedade que está sofrendo com isso. Não é um filósofo que influenciou a decisão de um juiz ou de um advogado que vai definir o que a população brasileira vai ter que passar — disse Terra, após discursar na inauguração de um centro terapêutico para atender dependentes químicos na Capital.
Durante o pronunciamento, o ministro afirmou que a pressão econômica para a liberação é “muito grande” e que a única maneira de enfrenta-la seria com “a população respondendo”:
— Qualquer pesquisa dá 80% da população contra a liberação, porque não tem uma família que não tenha um problema (com maconha) ou não conheça alguém que tenha.
Na última terça-feira (3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu a regulamentação da venda de remédios à base de maconha. No dia seguinte, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Terra afirmou que a maior causa de acidentes de trânsito com morte em Porto Alegre é a maconha, em vez do álcool, citando um estudo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Depois, o ministro foi desmentido pelo líder do estudo, o psiquiatra e diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do HCPA, Flavio Pechansky.
Neste sábado, Terra frisou que foi induzido ao erro pela pesquisa, que teria um erro de digitação no campo da porcentagem:
— O erro foi do autor da pesquisa. Ele digitou errado e deixou 10 anos uma pesquisa com dados errados, sem dar uma errata. Eu citei a pesquisa, acreditei na pesquisa dele. O erro não foi meu, eu só li a pesquisa.
Em entrevista a GaúchaZH na quinta-feira (5), o autor reconheceu que há um erro de digitação em um artigo que divulga pesquisa coordenada por ele — mas trata-se de um estudo sobre acidentes sem morte, e não acidentes com vítimas fatais.
No mesmo evento, neste sábado, o ministro confirmou que o governo estuda mudanças no programa Bolsa Família, benefício voltado a pessoas de baixa renda. A ideia, segundo Terra, seria juntar o projeto a programas de auxílio à primeira infância e de capacitação técnica:
— O presidente (Jair) Bolsonaro nos orientou que o programa tem que ser mantido na transferência de renda, mas tem que ajudar as pessoas a saírem da pobreza, mas não só dando o peixe, tem que ensinar a pescar.
Terra também disse que o governo federal pretende ampliar a oferta de vagas para atender a dependentes químicos de 11 mil para 20 mil em todo o país.