Em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids, que acontece em 1º de dezembro, o Ministério da Saúde lançou, nesta sexta-feira (29), uma Campanha de Prevenção ao HIV/Aids. Em coletiva de imprensa realizada na sede do ministério, foram divulgados novos dados sobre a doença no Brasil. Conforme o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, houve ganhos importantes nos últimos anos, mas ainda há uma série de desafios.
— Temos uma epidemia estabilizada em torno de 900 mil pessoas com casos de aids, e podemos observar uma epidemia principalmente em homens, jovens, na faixa etária de 25 a 39 anos. É com essa população que precisamos trabalhar prioritariamente — afirmou Mandetta.
Lembrando que o Brasil oferece acesso universal ao tratamento, garantindo tratamento a todos os casos, não só de aids, mas também HIV, o ministro informou que houve redução nos casos e também na mortandade causada pela doença. Foram evitados quase 12 mil registros de aids entre 2014 e 2018, e houve queda de mortalidade em 22,8% no período de cinco anos.
— E, certamente, encerrando o ano de 2019, veremos uma diferença ainda maior. Não podemos ter casos de morte com aids.
O ministério alertou, porém, que há uma estimativa de 135 mil pessoas que vivem com aids no Brasil e não sabem. Como a recém-lançada campanha de prevenção pede à população que faça o teste, para saber se tem a doença, o número real de casos pode aumentar.
— É um desafio importante para descobrirmos e diagnosticarmos essas 135 mil pessoas que vivem com HIV. Na hora em que começarmos a identificar, vai aumentar a detecção de HIV. Então os dados vão indicar um aumento, mas isso vai querer dizer que identificamos mais casos que não eram conhecidos — garantiu Mandetta.
— Precisamos incentivar o diagnóstico precoce para salvar vidas. O maior problema ainda é o medo. É importante esse incentivo para fazer o teste. Temos que atingir metas internacionais, como algumas cidades já estão fazendo. E o Brasil, da forma como está indo, ainda precisa testar 90% da população — afirmou o médico epidemiologista Gerson Pereira, diretor do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Pereira disse ainda que a prevenção, também na forma do teste, é uma forma de solidariedade: depois do exame, caso o resultado seja positivo, pode-se fazer o tratamento, e após seis meses, com a doença indetectável, a pessoa já não transmite ela mais.
Para Socorro Gross, representante da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, o país tem sido um exemplo no combate à doença.
— Na região das Américas, o Brasil tem sido pioneiro em muitas áreas, do tratamento ao diagnóstico, passando pelo combate ao preconceito, à discriminação. Temos que parabenizar o país e lembrar: passamos por uma doença que revolucionou a saúde pública, exigindo respostas. Hoje, passamos de incentivar o tratamento nos países a falar na interrupção da transmissão vertical (a cidade de São Paulo recentemente conseguiu eliminar a transmissão vertical do vírus HIV). Falar dessa campanha brasileira é um orgulho para a região.
A representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil Katyna Argueta ressaltou, ainda, que "as ações do governo brasileiro são referências mundiais. Existe muito a se fazer, mas o país está no caminho certo".