Ioga, meditação e tai chi chuan são práticas já bem estabelecidas e estudadas no Oriente. Contudo, seus benefícios para o corpo e a mente extrapolam qualquer distância geográfica. Abordando o tema "Técnicas de Relaxamento. Possui Evidência no Manejo do Risco Cardiovascular?", Anderson Donelli da Silveira, doutor em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), falou sobre o que a ciência já mostrou e o que ainda precisa ser melhor estudado nessa área durante o 74º Congresso Brasileiro de Cardiologia, que aconteceu em Porto Alegre no último fim de semana.
— Existe muita coisa não comprovada, mas essas práticas já são bem sedimentadas. Todas elas visam a integração do corpo e da mente — defende.
A meditação, na maioria das técnicas, promove um aumento do foco e da concentração, auxiliando, também, a examinar a própria mente. Conforme o médico, a prática ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade.
— Isso sugere que possa reduzir a pressão arterial, o tabagismo e há um pequeno estudo que fala em diminuir a resistência à insulina — justifica.
Já a ioga teria, de acordo com pesquisas, poder anti-inflamatório e de redução de pressão e de colesterol. Também diminuiria o estresse e melhoraria o sistema imune.
— A prática agiria no chamado sistema nervoso autônomo, reduzindo o simpático e aumentando o parassimpático. Ou seja, diminui a frequência cardíaca e a pressão arterial.
E o tai chi chuan também tem fortes evidências de benefícios tanto na prevenção quanto na recuperação de problemas cardíacos. Silveira cita um exemplo de estudo conduzido com pacientes pós-infarto do HCPA: o grupo foi dividido em dois. O primeiro praticou a arte marcial três vezes por semana, no decorrer de três meses. O segundo grupo fez alongamento.
— As pessoas do tai chi melhoraram o condicionamento aeróbico, comprovado por teste cardiopulmonar, enquanto os que fizeram alongamento tiveram uma leve piora. Isso mostra que pode ser uma estratégia para reabilitação cardíaca. Estudos chineses também apontam os benefícios para quem sofre de insuficiência cardíaca — enumera o médico.
As melhoras, diz o médico, são promovidas por uma combinação de fatores: o exercício trabalha muito a respiração em sincronia com os movimentos, o que gera maior relaxamento e, consequentemente, reduz a pressão.