Após a divulgação da resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que libera a realização de consultas, diagnósticos e outros procedimentos de saúde a distância, diversas entidades médicas regionais têm demonstrado contrariedade em relação às novas normas.
Na manhã desta quinta-feira (7), o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Trindade, falou em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, sobre a posição do Cremers acerca da medida.
Segundo Trindade, a incorporação de novas tecnologias, incluindo a telemedicina, é de extrema importância para a saúde, e que o Cremers não é contrário a elas. Entretanto, ele afirma que a resolução foi feita de forma precipitada e sem a oportunidade de uma ampla discussão envolvendo os conselhos regionais e outras entidades médicas.
Os pontos principais de contrariedade à nova resolução por parte do Cremers são, de acordo com Trindade, em relação ao atendimento.
— Nós acreditamos que é preciso ter um médico nas duas pontas do atendimento, ou seja, uma atenção primária à saúde muito forte. Em uma das pontas, um médico generalista, que discuta, a distância, com um especialista — explicou Trindade.
Para o presidente, ter apenas um médico responsável pelo atendimento do paciente prejudica o exame físico.
— É nessas questões que a resolução deixa um ponto de interrogação. Por ela, parece que agora haverá uma estrutura entre o médico e o paciente para regular o atendimento, e é isso que não queremos. Queremos que a tecnologia sirva para facilitar e aproximar cada vez mais o paciente do seu médico — explicou.
A resolução também possibilita que sejam feitas cirurgias apenas com um cirurgião em campo e outro remotamente, o que, para Trindade é um problema. Segundo ele, as novas normas não estabelecem soluções em casos de problemas, por exemplo.
— O Cremers é extremamente favorável ao uso de novas tecnologias, nós só somos contrários à forma como a resolução foi feita — afirmou.
Trindade afirmou que há reuniões marcadas nas próximas semanas, incluindo também outras associações e sociedades médicas do Rio Grande do Sul, para elaborar sugestões de melhorias para a resolução.
Na quarta-feira (6), o Conselho Federal de Medicina informou que poderá rever a norma. A medida foi divulgada após reunião da autarquia com 27 presidentes de conselhos regionais de medicina.