O prefeito de Canoas, Luis Carlos Busato (PTB), afirmou em entrevista ao programa Gaúcha +, na tarde desta quinta-feira (6), que vem alertando as autoridades sobre irregularidades relativas ao grupo Gamp desde 2016. Nesta manhã, o Ministério Público (MP) realizou uma operação para investigar possíveis irregularidades entre o grupo e a prefeitura. Três pessoas foram presas, acusadas de envolvimento em um suposto esquema de fraude.
Busato afirmou que antes da campanha eleitoral manifestava preocupação com a contratação da empresa terceirizada.
— São duas contratações que nos preocupam em Canoas: uma é essa com o Grupo Gamp e outra era do Aeromóvel, que nós conseguimos estancar também. São duas operações preocupantes que prejudicam sensivelmente a gestão do município de Canoas.
Segundo Busato, a operação do MP poderá ajudar a solucionar os problemas apontados.
— Estamos aplaudindo a ação do Ministério Público. A gente se sente contemplado com a prisão dos dirigentes do Grupo Gamp — diz Busato.
O prefeito sustenta que o contrato é fiscalizado desde o início da sua gestão, em janeiro de 2017. Nesse período, houve o bloqueio de pagamentos de cerca de R$ 128 milhões por suspeita de irregularidades. Esse valor é reivindicado pelo Grupo Gamp como dívida do município.
A secretária de saúde de Canoas, Rosa Maria Groenwald, e o secretário-adjunto da pasta, Marcos Ferreira, foram afastados das funções pela Justiça por 120 dias. Busato fez questão de ressaltar que os investigados não seriam os atuais gestores, mas os que firmaram o contrato com a empresa terceirizada na área da saúde.
— O afastamento da nossa secretária e do nosso secretário adjunto de saúde é uma praxe quando há uma investigação dentro da prefeitura. Não há indícios de irregularidades dos nossos gestores — sustenta Busato.
Segundo o prefeito, a relação com o Gamp nunca foi boa. Uma auditoria teria sido contratada para diagnosticar os cumprimento dos serviços do grupo, mas acabou barrada pelo Tribunal de Contas do Estado.
— (Verificamos) divergências, apresentação de notas e despesas que não aprovamos —complementa o prefeito.
Busato considera que, na sua gestão, a fiscalização dos contratos foi eficiente.
— Não tem nenhuma nota fiscal dentro do pagamento feito pela prefeitura referente a viagens ou a despesas desse tipo.
Tentativa de rescisão desde outubro de 2017
Busato afirma que tenta desde outubro do ano passado rescindir o contrato com o Grupo Gamp. Diz que já vinha tratando do assunto com o Ministério Público e Tribunal de Contas do Sul, mas que questões legais impediram a rescisão.
— Tanto é que uma licitação com nova empresa para gerenciar o novo sistema de saúde de Canoas está praticamente pronta. O edital vai ser publicado, se assim a Justiça permitir, na primeira quinzena de dezembro.
Sobre como ficará o atendimento à população com a saída do Grupo Gamp, Busato diz que ainda aguarda esclarecimentos da Justiça. Em relação a atraso de repasses da prefeitura com o Gamp, Busato afirmou que ficou acertado o pagamento de R$ 12 milhões nesta sexta-feira (7), mas não sabe como ficará a questão em razão da operação do Ministério Público.
Segundo ele, mesmo com atraso nos repasses da saúde desde agosto pelo Estado, que somam R$ 45 milhões, a Prefeitura está usando recursos dos cofres municipais para efetuar os pagamentos ao Gamp.