A Polícia Civil indiciou por três crimes a dona da clínica Vacix, fechada na última semana por suspeitas de irregularidades na aplicação de vacinas em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Luciana Sandrini Rihl, de 37 anos, foi indiciada por estelionato, crime contra as relações de consumo e crime contra a saúde pública. O inquérito foi remetido na manhã desta sexta-feira (23) ao Judiciário.
Conforme o delegado Rafel Liedtke, da Delegacia do Consumidor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), as penas máximas somadas chegam a 20 anos de detenção. A investigação apontou que somente Luciana, a dona da clínica, cometia as irregularidades e, inclusive, aplicava vacinas vazias nos clientes. A clínica era a única que possuía doses contra a febre amarela no mês de janeiro, o que causou estranheza em algumas pessoas.
— Os pais estranharam porque, além de a clínica ser a única que tinha as doses da vacina, a dona era a única que aplicava. Ela foi indiciada por estelionato porque cobrava pelas doses vazias, por crime contra as relações de consumo porque aplicava vacinas totalmente impróprias e por crime contra a saúde pública porque expunha à venda produto sem procedência, violado, corrompido ou adulterado – explica o delegado.
Segundo a polícia, a maior parte das vacinas aplicadas na clínica era regular. As irregularidades estavam nas doses contra febre amarela e meningite (meningo ACWY e meningo B). Foram encontradas vacinas vazias escondidas junto às cheias na geladeira da clínica.
O estabelecimento segue interditado, e a Luciana está presa preventivamente, em prisão domiciliar. A polícia ainda deve ouvir mais testemunhas sobre o caso.
Até agora, a Vigilância Sanitária de Novo Hamburgo recebeu 104 pessoas que buscaram auxílio depois de terem se vacinado no local. Dentre as que realizaram testes de sífilis, HIV e hepatite, não há registro de infecção. Se isso for constatado, conforme a polícia, pode haver indiciamento por crimes mais graves.
O advogado de Luciana, Luiz Gustavo Puperi, disse que ainda não teve acesso ao inquérito e que, portanto, não pode se manifestar.