A memória de um dos episódios mais marcantes da história recente de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul está imortalizada, na forma de uma obra de arte, diante do Guaíba, no Parque do Pontal. Inaugurado na tarde desta segunda-feira (2), o Monumento ao Voluntário Anônimo é um reconhecimento ao espírito de solidariedade e união que despertou na comunidade com a enchente de maio.
De autoria do artista Siron Franco, a peça foi financiada pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE). A instalação está localizada em um dos principais pontos de resgate e acolhimento das vítimas da inundação.
Trata-se de uma escultura em aço, com dois metros de altura e 27 metros de comprimento, a qual retrata 30 pessoas de mãos dadas e, segundo os idealizadores, representa o trabalho incansável dos voluntários civis que atuaram nos resgates.
— Falamos de uma história real, que impactou na vida de todos. Este cordão humano demonstra a coragem e a bravura daqueles que atuaram na pior tragédia climática do Rio Grande do Sul — apontou a presidente do IEE, Paola Coser Magnani, durante a cerimônia de apresentação do monumento.
Para o autor da escultura, que participou do ato de lançamento, a oportunidade representou expressar gratidão à comunidade gaúcha. Franco é nascido em Goiás e contou ter realizado exposição de alguns de seus primeiros trabalhos em Porto Alegre, há 51 anos.
— Há mais de 50 anos realizei minhas primeiras exposições em Porto Alegre. Eu era muito jovem, e fui muito bem recebido por artistas mais velhos, como os mestres Ado Malagoli, Xico Stockinger e Vasco Prado. Com Iberê Camargo estive muitas vezes, ainda no Rio. Sempre tive muito carinho por essa terra, tendo participado de diversas exposições individuais e coletivas — relembrou o artista.
Sociedade civil
Em falas no encerramento da cerimônia, o governador Eduardo Leite e o prefeito em exercício Ricardo Gomes fizeram questão de homenagear os voluntários e reconhecer que, sem a participação da sociedade civil, a catástrofe climática teria deixado cicatrizes ainda mais profundas.
— O governo não teria condições de resgatar todos que necessitavam, em todos os lugares. O engajamento dos voluntários foi fundamental e está sendo reconhecido neste monumento — observou o governador do Estado.
— O poder público fez tudo o que estava ao seu alcance. Mas a sociedade, na expressão de milhares de voluntários, demonstrou que é muito maior do que os governos — acrescentou Gomes.