No ano em que o Rio Grande do Sul foi atingido pela maior tragédia climática da sua história, que deixou 183 mortos e 27 desaparecidos, o desfile de 7 de Setembro, realizado neste sábado em Porto Alegre, é também marcado por memórias da enchente e homenagens aos que atuaram no socorro aos atingidos.
As tropas que atuam até hoje na chamada Operação Taquari 2 — missão de resgate e assistência às vítimas e aos municípios afetados — e animais resgatados durante as inundações estão entre os destaques no dia de celebração dos 202 anos da Independência do Brasil.
Às 8h50min, o comandante da 6ª Divisão de Exército e também do desfile, general Julio Baltieri, fez a revista das tropas. Às 9h30min, foi a vez do Comandante Militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento — responsável por chefiar um quarto do efetivo das tropas terrestres do país — repetir o ato. A revista foi seguida pela chamada Salva de Gala, com o disparo de 17 tiros de canhão no Parque Marinha do Brasil.
Num sábado de temperaturas amenas, mas em elevação, o desfile teve início às 10h. Cruzaram a pé pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva veteranos e ex-combatentes, a Liga de Defesa Nacional, a banda do Colégio Júlio de Castilhos (o Julinho), escoteiros, alunos do Colégio Militar de Porto Alegre, representantes da Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Superintendência dos Serviços Penitenciários, a Polícia Penal e outros.
Em meio aos militares e civis, estavam dois cães de mesmo nome: Taquari. A fêmea integra o 3º Regimento de Cavalaria de Guarda, chamado Regimento Osório, no bairro Partenon, em Porto Alegre. Enquanto o cachorro agora vive no 3º Batalhão de Polícia do Exército, no bairro Santa Tereza, na zona sul da Capital. Os dois foram resgatados durante a Operação Taquari 2 e adotados pelos militares.
A operação
A missão é realizada desde o fim de abril, após a intensificação das chuvas, que resultaram na enchente de maio. Entre as ações realizadas pelos militares, estão o resgate de pessoas — foram ao menos 71 mil. As tropas também fazem o transporte de moradores para áreas seguranças, instalam a coordenam hospitais de campanha, distribuem refeições, medicamentos e água.
Os militares atuaram ainda na limpeza de rodovias, ruas, escolas, no lançamento de pontes e instalação de passadeiras (estruturas metálicas compostas de uma passarela apoiada em barcos, unidos por cabos). Uma das pontes recentemente instaladas com auxílio do Exército liga os municípios de Arroio do Meio e Lajeado, no Vale do Taquari. A ponte logística foi instalada em agosto sobre o Rio Forqueta, por militares do 3º Batalhão de Engenharia de Combate, de Cachoeira do Sul.
A instalação da ponte, com a maior capacidade lançada pelo Exército, para suportar até 80 toneladas, necessitou de sete dias de trabalho, além da preparação e embarque do material. Durante a montagem, foi utilizado o blindado Socorro Leopard 1, do 4º Batalhão Logístico, sediado em Santa Maria. Essa viatura é capaz de tracionar a ponte à frente, possibilitando o prosseguimento da montagem da estrutura.
Chama Crioula
Durante o desfile deste sábado, também são exibidos outros equipamentos da engenharia do Exército usados em ações como essa. Entre eles, estão, por exemplo, uma viatura capaz de transportar uma ponte dobrável flutuante. O desfile conta ainda com a participação de 219 veículos, motocicletas e blindados das Forças Armadas e de segurança.
O evento também é acompanhado por helicópteros da Polícia Rodoviária Federal, da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros. O encerramento do evento se dará com a passagem de mais de cem cavalos do 3º Regimento de Cavalaria de Guarda e do 4º Regimento de Polícia Montada da BM.
O último ato será a passagem do Fogo Simbólico da Pátria, que será transformado em Chama Farroupilha. Ela será levada por cavaleiros Movimento Tradicionalista Gaúcho e por representantes da Comissão de Festejos Farroupilhas de Porto Alegre até o Acampamento Farroupilha, montado no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.