Famílias que seguem fora de casa após as enchentes de maio começaram a ser encaminhadas, nesta segunda-feira (22), para o terceiro Centro Humanitário de Acolhimento (CHA), construído em Canoas, na Região Metropolitana. O espaço vai abrigar até 850 pessoas no terreno junto ao Centro Olímpico Municipal da cidade.
Conhecidos como "cidades provisórias", cinco espaços idealizados pelo governo do Estado junto com as prefeituras buscam acolher, temporariamente, famílias atingidas pela enchente, até a construção de casas definitivas por meio de programas do governo federal.
As primeiras pessoas a ocupar o terceiro local são aquelas já abrigadas no Centro Olímpico Municipal e no ginásio da Escola Municipal de Ensino Fundamental Erna Würth. A expectativa do governo é atingir a lotação do espaço até a primeira quinzena de agosto.
A Prefeitura de Canoas afirma que 80 pessoas ainda estão em abrigo, aguardando a entrada no novo espaço, e cerca de 300 estão na primeira "cidade provisória" inaugurada, que também está no município, na Avenida Guilherme Schell, próximo à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). A triagem é feita pelo próprio município junto com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).
O espaço é financiado pelo Sistema Fecomércio e tem gestão da Organização Internacional para as Migrações (OIM). As mobílias, brinquedos e máquinas foram doadas por empresas e organizações parceiras.
A instalação foi iniciada em 17 de junho, a partir da drenagem do terreno e da fixação das bases da estrutura. As redes de água e esgoto foram disponibilizadas pela prefeitura. Já a montagem das tendas ficou a cargo da empresa DMDL, que foi contratada pela Fecomércio.
Estrutura
O terceiro CHA fica localizado próximo à Rua Araguaia. O espaço tem 9 mil metros quadrados, conta com 122 dormitórios, que podem abrigar até 850 pessoas.
A estrutura é diferente da outra unidade de Canoas, onde casas modulares cedidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) foram montadas. A infraestrutura é a mesma utilizada em hospitais de campanha e outras estruturas emergenciais instaladas pelo poder público e pela iniciativa privada durante a pandemia de covid-19.
Os dormitórios são divididos em quatro alas: grupos familiares, homens, mulheres e LGBTQIA+ (pensada para pessoas desse grupo que se sintam vulneráveis nos três outros espaços). Há também espaços comuns de convivência.
Ao todo, 64 banheiros compõem o centro. Da mesma forma como os dormitórios, eles são segmentados nas quatro alas e podem ser acessados também na copa, no posto médico e na cozinha. O espaço inclui 48 chuveiros femininos e masculinos e seis chuveiros para pessoas com deficiência (PCD).
O centro conta com um refeitório com capacidade para 400 pessoas. Os abrigados vão receber diariamente café da manhã, almoço e janta, com alimentos fornecidos por uma empresa contratada pela OIM.
O espaço também tem fraldário e lactário, posto médico, além de espaço para crianças e animais.
Terceira cidade provisória inaugurada
Esta é a terceira cidade provisória inaugurada no Estado. A primeira foi em Canoas, em 4 de julho. O segundo centro começou a receber famílias em 11 de julho, no Centro Vida, na zona norte da Capital.
Em todo o Rio Grande do Sul, 3,6 mil pessoas seguem desabrigadas em razão das enchentes. Oitenta e seis abrigos acolhem essa população, segundo dados do governo estadual.
Critérios para seleção das famílias no CHA
- Se a família é monoparental (se possui filhos e apenas um dos pais)
- Se há idosos na família
- Se há pessoas com deficiência (PCDs)
- Se há gestantes na família
- Se há pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) na família
- Número de membros da família
- Especificidades de cada família, a fim de assegurar o acolhimento adequado às mais vulneráveis
Onde ficam os centros de acolhimento
O Estado prevê cinco CHAs: três em Porto Alegre e dois em Canoas.
Na zona norte da Capital, uma das estruturas ficará no estacionamento do Complexo Cultural Porto Seco, no bairro Santa Rosa de Lima, que recebe os desfiles de Carnaval na capital. A outra, já inaugurada, está localizada no Vida Centro Humanístico, na Avenida Homero Guerreiro, que opera desde 11 de julho.
Já na Zona Sul, a instalação ficará no Centro de Eventos Ervino Besson, no bairro Vila Nova, que geralmente é palco de eventos.
Em Canoas, os dois centros de acolhimento, somados, têm capacidade para receber até 1,4 mil moradores. O primeiro deles fica na Avenida Guilherme Schell, próximo da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap).
O outro local destinado aos afetados pelas enchentes é o campo Centro Olímpico Municipal, inaugurado nesta segunda (22).