Após ter sido duramente atingida pela enchente, a orla do Guaíba, em Porto Alegre, voltou a receber mais frequentadores na manhã deste sábado (8). O público, no entanto, está longe do habitual se comparado a um típico final de semana de sol. Como ainda há partes tomadas pelo barro e danificadas, a prefeitura de Porto Alegre colocou fitas de isolamento e placas interditando a área mais próxima ao Guaíba, perto da Usina do Gasômetro e seguindo pela extensão do trecho 1.
Estão fechados os gramados, pistas de caminhada mais baixas e áreas de convivência. Os bares que ficam mais perto da água e os banheiros estão sem funcionar em razão dos estragos, principalmente na parte onde funcionava a base para os resgates de barco.
— A diferença é grande, até normalizar tudo vai levar um tempo. Tem bem menos movimento. A luz ainda não ligaram, às 18h a gente recolhe e vai embora, nem o povo fica — comenta o vendedor de churros Celso de Fraga Borba, 60 anos, que voltou a trabalhar com seu carrinho no final de semana passado.
A falta de luz também foi a reclamação entre os ciclistas que gostam de circular desde cedo na região.
— Está amanhecendo mais tarde e a gente depende de luz para pedalar com segurança e enxergar os buracos. E tem algumas partes que só tem luz do lado de lá, então o treino a gente consegue fazer, mas fica bem perigoso para o ciclismo — aponta o professor Marco Vargas, 39 anos.
A prática esportiva está comprometida com o isolamento das quadras do trecho 1, que ficam nas proximidades do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, que também ficou submerso, mas agora já retornou ao funcionamento habitual.
— Como as quadras estão interditadas, 50% do nosso público deixa de vir, porque não tem estacionamento, o acesso estava complicado, as ruas estavam fechadas. A gente ficou 30 dias fechados e agora não tem o público que a gente alcança. O pessoal da corrida voltou hoje, mas também bem devagar — analisa João Henrique Pimentel da Conceição, 38 anos, proprietário do quiosque Doca, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva.
Conforme a GAM3 Parks, empresa que administra o parque, a limpeza segue dentro das atribuições da concessionária. No entanto, como a Orla foi drasticamente atingida, os danos ainda estão sendo calculados. Os trabalhos de avaliação serão desempenhados em conjunto com a prefeitura a partir da próxima semana e os prazos para realizar os reparos serão estimados após uma inspeção.
De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), a prefeitura ficará responsável pela análise do impacto das inundações do solo e nas estruturas que ficaram submersas ao lado do Guaíba, assim como a necessidade de monitoramento e remanejo da eventual flora silvestre. Já a GAM3 Parks se envolverá em todos os processos de vistoria e reconstrução do trecho 1.
Acostumado a frequentar a Orla semanalmente, o corredor Roger Ferrão Weber, 32 anos, observa a mudança de cenário e o impacto que isso causa na comunidade.
— As coisas estão retomando dentro do possível à normalidade, mas a gente olha o cenário daquela Orla tão bonita, tão agradável, e ela está destruída as partes mais abaixo, os comércios, então, embora a gente consiga fazer a nossa atividade, o visual acaba afetando um pouco o psicológico, mas é bom estar de volta, porque é assim que a roda econômica vai girar e a gente vai se reerguer — constata.
No trecho 3, skatistas conseguiam acessar a pista e praticar manobras na Avenida Edvaldo Pereira Paiva. No Parque Marinha do Brasil, as quadras esportivas voltaram a ser utilizadas pela população e já não há mais água nos gramados.