Passado o período crítico da enchente, com o nível do Guaíba já abaixo da cota de alerta, o cenário agora é de reconstrução e esperança na retomada do comércio no Centro Histórico de Porto Alegre. Com essa ideia, empreendedores da região se mobilizam para criar um movimento para impulsionar o local.
A iniciativa quer mostrar a importância e movimentar economicamente a região. Não há uma associação formada para o movimento, mas sim cerca de 300 empreendedores que se uniram em busca de criar ações para alavancar a cidade.
— É um pensamento que tem que ter, um movimento de reviver o Centro, que é um ambiente macro de consolidação e recuperação. E não só em Porto Alegre o Centro é o polo comercial da sua localidade, mas em diversas cidades. Entendemos que é onde tudo começou e é um marco para as pessoas — explicou Kleber Sobrinho, fundador da Recons, uma empresa especializada em retrofit e construção.
Sobrinho reforma prédios na cidade e transforma em grandes e novos empreendidos. Atualmente está com obras do Cais Rooftop em andamento, um prédio de 1940 situado na esquina da Rua Caldas Júnior com a Avenida Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre. Mais de dois metros de água invadiram o prédio e o empresário estima um prejuízo de mais de R$ 400 mil. Agora, com a obra retomada, ideia é que fique pronta em julho.
Comércio varejista
Empreendedor e proprietário da loja de moda infantil Bravo Kids, Rafael Bravo, também está buscando incentivar a movimentação do bairro.
— Passamos pandemia, obras e o Centro vinha em uma decaída. Agora, as lojas estão reabrindo e queremos contar a história de Porto Alegre. Olhar a (Avenida) Voluntários e não só olhar uma rua. Olhar os imóveis que são históricos, que já passaram diversas lojas e mostrar a importância dessa região — afirmou Bravo.
Os itens da loja de Bravo foram salvos, já que ele conseguiu subir para o estoque os itens, porém a empresa está fechada, já que a água danificou móveis, prateleiras, expositores, o piso e a parte elétrica.
Ações para movimentar o Centro
Um levantamento preliminar feito pelo grupo aponta que mais de mil Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas (CNPJs) foram impactados na região. São desde lojas, salas comerciais, restaurantes, garagens e estacionamentos. A iniciativa prevê ações conjuntas entre os empreendedores para movimentar o centro.
— Queremos criar eventos sazonais como, por exemplo, em julho a festa julina. Decorar as ruas com bandeirinhas, barraquinhas. E ter um apoio da prefeitura para isso — explicou Bravo.
O grupo também acredita que outros eventos, como a feira do Livro e a Noite dos Museus, possam ajudar com o objetivo da mobilização. A reabertura parcial do Mercado Público, na próxima sexta-feira (14), pode ser o ponta pé inicial para consolidar o movimento, acreditam.
— Entendemos que é importante até para as pessoas terem a segurança de consumirem nos ambientes do Centro Histórico. É um movimento macro de recuperação — enfatizou Sobrinho.