Após um mês da enchente que inundou o aeroporto Salgado Filho, os motoristas que deixaram seus carros estacionados começaram a retirar os veículos. O processo iniciou na manhã desta terça-feira (4) e deve seguir ao longo das próximas semanas. A saída dos veículos é possível em razão da diminuição da água em toda a área do aeroporto.
O processo de retirada será feito de forma escalonada. A Estapar, empresa responsável pela administração do estacionamento, criou um esquema para dar maior fluidez na movimentação. Nos dias pares, podem ser retirados os carros cujo número final da placa é par. O mesmo vale para os dias ímpares.
Estimativa extraoficial de funcionários ouvidos no aeroporto aponta que mais de dois mil veículos tenham sido deixados nos cinco pontos disponíveis. A Estapar não divulga levantamento sobre a quantidade de carros atingidos.
Muitos deles estavam em vagas térreas e, portanto, foram totalmente inundados. O impacto foi maior nos estacionamentos abertos. É o caso do carro da nutricionista Karina Pedroso. No seu veículo, uma Renault Duster, a água chegou até a altura da janela.
— Eu saí de férias e a gente viajou no dia 1º de maio, no dia do feriado, pensando em voltar dia 5 e daí a gente acabou não conseguindo retornar, tivemos que fazer uma maratona para poder retornar para Porto Alegre, mas a gente chegou aí e não teve mais acesso ao carro. Várias coisas nossas ficaram, como chave de casa e outros pertences pessoais, porém, dos males o menor, de tanto que a gente tem visto de sofrimento e de coisas que a gente tem acompanhado — comenta Karina.
Quem deixou o carro em andares superiores dos edifícios-garagem também está enfrentando problemas.
O veículo do Claudio Ferri ficou no quarto andar do estacionamento. Mesmo intacto, o carro não ligou por falta de bateria. A ausência de energia elétrica no local traz um desafio ainda maior.
— Tem o sistema de alarme que fica ligado, todos os carros que estão lá praticamente estão sem bateria e o pessoal não está preparado. Eles não têm equipamentos para ressuscitar essas baterias, não tem luz em todo o prédio, o prédio está totalmente vazio, não tem nenhum serviço de mecânico, alguém que saiba resolver o problema — lamenta. Claudio que irá comprar uma bateria nova para religar seu veículo.
Com muitos veículos classificados como perda total, diversos guinchos circulavam pela área externa.
No último dia 28 de maio, a Estapar enviou e-mail a seus clientes informando que não irá ressarcir proprietários de carros estacionados no aeroporto Salgado Filho e estacionamentos do entorno administrados pela empresa.
A decisão também vale para estacionamentos da empresa localizados na região, como o da Avenida Severo Dullius, ao lado do Pepsi On Stage.
A Estapar pediu desculpas, mas cita que a legislação brasileira a isenta de responsabilidade porque a inundação foi sem precedentes cujos efeitos não poderiam ser evitados.
Nesta terça-feira, a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul ajuizou uma Ação Civil Pública (ACP), contra a empresa de estacionamentos Estapar, pois a empresa de estacionamentos comunicou aos clientes e enviou nota à imprensa informando que “de acordo com a legislação brasileira vigente, não existe responsabilidade da companhia para o ocorrido”.
Por meio de nota, a Estapar disse que ainda não foi acionada pela Defensoria Pública, mas ressalta que está à disposição do órgão para esclarecimentos (leia a nota na íntegra).
O que disse a Estapar
A empresa esclarece que ainda não foi acionada pelo Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, mas reforça que está à disposição do órgão para quaisquer esclarecimentos necessários.
Horário
A retirada pode ser feita de segunda a sábado, entre 8h30min e 17h
Como chegar
O acesso aos estacionamentos é feito pela saída do aeroporto. Os motoristas precisam utilizar a contramão para chegar até o ponto onde o carro foi deixado
O que levar
É preciso apresentar documento pessoal, documento do carro e o bilhete do estacionamento. Caso o motorista não tenha o papel, será possível registrar a reserva pelo sistema. A empresa não fará nenhum tipo de cobrança.
Quem pode retirar
A retirada deve ser feita pelo proprietário. Uma outra pessoa também pode vir pegar o carro, desde que com a devida autorização do dono do carro expressa em um documento