O Parque do Pontal, localizado na zona sul da Capital e perto da Fundação Iberê Camargo, do BarraShoppingSul e do Jockey Club do RS, funciona como uma das bases responsáveis pelos resgates das vítimas da cheia do Guaíba. Na tarde desta segunda-feira (6), a movimentação dos socorristas no local era intensa.
— Sou de Eldorado do Sul e tenho casa no centro de Sans Souci. Lá, a água chegou a 1,5 metro. Perdi tudo em casa. Em direção à Estrada do Conde, a água está em 2 metros — relata o eletricista Ricardo Sobczak, 39 anos, que foi resgatado junto ao pai de barco.
O Parque do Pontal está com a estação do catamarã inundada. O píer onde os frequentadores costumam pescar também está com muita água no piso. Os caminhos existentes no parque apresentam níveis elevados de água barrenta e não permitem a circulação a pé.
O médico pediatra Tzvi Bocaltchuk compartilhou com a reportagem de GZH que as crianças estão chegando em bom estado em Porto Alegre. Nenhum caso de hipotermia foi verificado nesta segunda.
— Hoje (segunda), não tivemos casos graves. Mas as vítimas chegam muito assustadas”, atesta.
Durante a tarde, o sol forte e o calor contrastavam com o barulho dos motores de lanchas, botes e jet-skis. Como ocorre ao lado da Usina do Gasômetro e da foz do Arroio Dilúvio, junto ao Anfiteatro Pôr do Sol, muitos voluntários auxiliam às forças de resgate.
- — Ontem (domingo), realizamos mais de 500 resgates aqui no Pontal. Conseguimos isso graças aos voluntários. Os clubes náuticos nos procuraram para ajudar nos salvamentos em Eldorado do Sul — afirma o comandante Márcio Luiz da Costa Limeira, do 1 Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Porto Alegre.
Atendimento psicológico
Na chegada ao núcleo de resgate no parque, situado atrás do Hard Rock Café, as vítimas recebem atendimentos médico e psicológico. Também ganham água, alimentos e toalhas. Veículos como ambulâncias, carros da Brigada Militar, polícias Federal e Civil estão no local. Muitos agentes de segurança auxiliam nos resgates. As embarcações que saem e chegam atracam perto dos equipamentos onde fica a pracinha. Na parte da frente do shopping, pessoas entregam donativos.
A psicóloga Sabrina Gomes Nunes, 33, começou a trabalhar no voluntariado exatamente nesta segunda. Esteve em abrigos e agora no Parque do Pontal. E o cenário que descreve impressiona.
— A situação está caótica. Mesmo nós, psicólogos, não temos o que falar. As pessoas perderam tudo e chegam sem nada. Tem gente que não sabe nem onde estão os parentes — revela.