A enchente que assola Porto Alegre desde a semana passada deixou o bairro Humaitá, na Zona Norte, isolado. Desde as 6h desta segunda-feira (6) equipes realizam a varredura da região para atender aos pedidos de ajuda.
Natural de São Francisco de Assis, Eli Santos, 86 anos, estava ilhada em seu apartamento, que fica no primeiro andar de um prédio no Humaitá, desde sábado. Ela diz que não queria deixar a casa, mas que o filho, que mora em um trecho que não alagou e a aguardava no ponto de resgate, foi quem pediu ajuda.
— Eu estava sozinha, sem luz, sem nada. Só tinha vivido isso quando era criança, na enchente de 1941, mas lá no interior — lembra.
Operação de resgate
Equipes da Brigada Militar montaram um bloqueio na Avenida Dom Pedro II, sobre o Viaduto José Eduardo Utzig, que dá acesso aos bairros São João, Navegantes e Humaitá. Os barcos de resgate partem da Rua Souza Reis, ao fim do viaduto, onde o bairro está completamente inundado.
Os barcos com motor estão sendo utilizados para rebocar os barcos a remo. Agentes da Brigada Militar e da Polícia Civil também acompanham a operação para garantir a segurança.
Segundo o vice-prefeito Ricardo Gomes, que acompanha os trabalhos no local, as equipes têm reunido as pessoas resgatadas na Estação Farrapos.
— A nossa ideia é centrar os barcos para que eles possam fazer esse vaivém até a Estação Farrapos. Alguns barcos vão levar as pessoas até a estação e outros vão mais a fundo no bairro. Então, os caminhões do Exército vão trazer as pessoas até aqui onde estamos (Rua Souza Reis) — explica.
O vice-prefeito explica que, após isso, as pessoas resgatadas serão levadas pelos caminhões do Exército para a sede da Sogipa, que está servindo de ponto de triagem de desabrigados. No domingo, pelo menos cem barcos, entre aqueles cedidos pelas forças de segurança e de voluntários, trabalharam nos resgates.
Os pedidos de ajuda chegam à prefeitura por meio dos canais oficiais, redes sociais e aplicativos de mensagem.
— Tem lugares em que tem mais de cem pessoas reunidas. Nós não vamos parar até resgatar todo mundo — destaca.
Eduardo Yokman, 25, é um dos resgatistas voluntários que atuam na operação. Ele conta que, desde sábado, já auxiliou nos resgates em Eldorado do Sul, no bairro Sarandi, também zona norte de Porto Alegre, e nesta segunda, no Humaitá.
— Ontem (domingo), resgatamos umas 300 ou 400 pessoas no Sarandi. Na sexta-feira já tínhamos feito alguma coisa, mas no final de semana foi bem intenso — sublinha.