Tomada pela enchente, Porto Alegre está com água nas ruas, mas não nas torneiras. O sistema de abastecimento do Departamento Municipal de Águas e Esgoto (Dmae), comprometido pela cheia, tem quatro das suas estações de tratamento em funcionamento na noite desta terça-feira (7) - até o final da tarde, somente duas estavam operando (ETA Belém Novo e ETA São João) (confira abaixo os bairros atendidos por essa estação).
O mecanismo que leva água de seis pontos de captação e bombeamento para outras seis estações de tratamento — de onde o líquido é distribuído à rede de consumidores — foi seriamente comprometido pelo avanço do mesmo Guaíba que é a principal fonte da água bebida pela população.
As estações Moinhos de Vento e Tristeza deixaram de operar há dias, porque as respectivas unidades de bombeamento ficaram alagadas e não puderam mais enviar o volume captado para tratamento. A unidade Tristeza foi religada no início da tarde desta terça-feira.
A estação do Menino Deus, que atende bairros desde Agronomia até Centro, Cidade Baixa, Santana e Jardim Botânico, funcionou até o final da tarde de segunda. No entanto, a Ebab foi inundada após o desligamento da energia na casa de bombas 16, na Rótula das Cuias, e também acabou sendo desativada. Também foi religada no início da noite de terça.
A estação da região das Ilhas, abastecida pelo Jacuí, foi danificada pela cheia no local. Segundo a assessoria de comunicação do Dmae, nem mesmo havia sido possível dimensionar com precisão os estragos e o que será necessário para recolocar a estrutura em ação. Na ETA Belém Novo, a água captada está tão turva que o trabalho de depuração se torna mais difícil e demorado.
Caminhões-pipa atendem apenas pontos prioritários
O Dmae explica ainda que não é possível garantir o abastecimento a todos os bairros mesmo quando estão localizados na área de abrangência da ETA restantes. Como o funcionamento é parcial, pode faltar capacidade de atender zonas mais elevadas e distantes.
Em caráter de urgência, 12 caminhões-pipa com capacidade de 8 mil ou 30 mil litros de água foram mobilizados pela prefeitura para atender apenas pontos prioritários como hospitais, casas e clínicas geriátricas e abrigos.
De forma paliativa, a prefeitura também decretou o racionamento de água e divulgou solicitações para que a população reduza o consumo. O texto determina que a população evite atividades como lavar carros, calçadas e fachadas, além de regar de jardins e gramados. O decreto vai valer enquanto o serviço de abastecimento estiver prejudicado.