O Museu Julio de Castilhos, situado no Centro Histórico de Porto Alegre, ainda convive com os efeitos da tempestade de 16 de janeiro. Na ocasião, entrou água pelo telhado tanto na Casa Julio quanto na Amarela, nesta última com menor gravidade. Porém, o piso da sala Memória e Resistência ficou alagado.
— Na Casa Julio tivemos um episódio inédito. Choveu no gabinete do Julio de Castilhos, coisa que nunca tinha acontecido — revela a diretora do museu Doris Couto.
Nesta segunda-feira (5), era possível ver diversas peças e quadros do acervo ainda cobertos por lonas. Os itens só não foram atingidos pela água e sofreram danos em função do uso dessa proteção.
As salas mais prejudicadas pela entrada da chuva foram o gabinete e a peça adjacente localizada à direita. Os dois espaços ficam situados de frente para a Rua Duque de Caxias.
A água inclusive atingiu a mesa, outra peça protegida preventivamente, de onde o ex-governador do RS despachava no Palácio de Barro. As cadeiras do ano de 1772 e o relógio do gabinete também escaparam da ação da tempestade.
— Como estamos cadastrados preventivamente na Defesa Civil e recebemos os alertas, no dia anterior cobrimos tudo — esclarece a museóloga, confirmando que não houve danos ao acervo.
Enquanto a reportagem de GZH esteve no museu, algumas obras começaram a ser descobertas, como o quadro Prisão de Tiradentes, de Antônio Parreiras, pintado em 1914. A obra foi executada no atelier do pintor em Paris.
Criada em 1903, a máscara mortuária de Castilhos também foi descoberta nesta segunda-feira. A peça passou recentemente por restauração.
A força do vento arrancou telhas da cumeeira e a água entrou no casarão. Cerca de 60 delas precisaram ser trocadas em função da tempestade. O telhado foi consertado na semana passada. Mas foi o "enlonamento" interno, que, de fato, salvou o acervo do museu.
— Caiu uma árvore no muro lateral da Casa Amarela, onde tínhamos uma grade na divisória com o estacionamento — conta a diretora, mostrando uma rachadura em outro trecho do muro causada ainda por queda de galhos de um robusto umbuzeiro.
Neste momento, a Casa Julio e o segundo andar da Casa Amarela estão fechados para a visitação do público. A estimativa da direção é de que a reabertura acontecerá no dia 14 de fevereiro. Os prejuízos ficaram em torno de R$ 3 mil.
Também no dia 14, será inaugurada no local uma exposição sobre as mulheres negras. Mais antigo do RS, o Museu Julio de Castilhos recebe cerca de 2 mil visitantes por mês.
Restauro de itens de museu de Muçum é adiado
Em razão da tempestade do mês passado, o envio de cem itens da Casa de Cultura Padre Lucchino Viero, de Muçum, no Vale do Taquari, que seriam restaurados no museu da Capital, precisou ser reagendado. O material deverá agora ser recebido até o dia 23 de fevereiro.