A tragédia provocada pela chuvarada no município de Muçum, no Vale do Taquari, em setembro do ano passado, tirou a vida de 17 pessoas e provocou danos em propriedades. No evento climático que mobilizou o Rio Grande do Sul, Muçum também viu sua história ameaçada quando a água invadiu o museu e arrastou peças do acervo cultural do município, que era mantido e exibido na Casa de Cultura Padre Lucchino Viero.
Resgatados entre lama e escombros, cerca de cem itens serão encaminhados para Porto Alegre para serem restaurados no Museu Júlio de Castilhos.
— São ferramentas, mobiliário e utensílios domésticos, máquinas para costura de couro, livros e documentos, peças de vestuário, arte sacra e arte plástica — descreve a museóloga Dóris Couto, diretora do Museu Júlio de Castilhos.
Conforme Dóris, o acervo, que está armazenado em prédio público de Muçum, seria transportado para a Capital na semana passada, mas a ação foi adiada por decorrência de outro evento climático: o que assolou a Região Metropolitana, derrubando árvores, no último dia 16. Uma delas caiu no pátio do Júlio de Castilhos. Seus galhos acertaram o telhado, justamente na dependência onde funcionará a oficina de reparos.
— Precisamos aguardar pelo conserto do telhado para que o acervo seja guardado em segurança durante o trabalho de recuperação — explica a diretor do Museu.
Catalogação do acervo
Em ação paralela à recuperação das peças, a equipe do Júlio de Castilhos, auxiliada por estudantes de Museologia da UFRGS e com parceria da Fundação Scheffel, de Novo Hamburgo, realizará a catalogação do acervo de Muçum.
O trabalho consiste em reorganizar o registro das peças, buscando estabelecer os referenciais históricos e culturais de cada item e consolidando a representatividade de cada peça como componente da narrativa sobre a memória do município.
— Também iremos compartimentar os itens em grupos, separando as peças em diferentes mostras mediante os mesmos critérios técnicos aplicados nos grandes museus — conta Dóris.
Dóris explica que não há definição de cronograma para execução do trabalho, pois o início da ação está condicionado ao restauro do telhado do Museu na Capital.