Uma explosão atingiu uma torre de condomínio no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, na madrugada desta quinta-feira (4). Conforme relatos de moradores, havia vazamento de gás no local. Segundo informações do Corpo de Bombeiros Militar, pelo menos oito pessoas ficaram feridas, sendo dois bombeiros que estavam no prédio atendendo a ocorrência de vazamento de gás.
A capitã Rafaela Amim, do Corpo de Bombeiros Militar, relatou à Rádio Gaúcha, durante a madrugada desta quinta, que as vítimas foram encaminhadas para atendimento médico. Os dois bombeiros tiveram ferimentos leves. Um dos bombeiros, com queimaduras na face, segue em atendimento na sala vermelha do HPS. Outros dois moradores estão na UTI do Hospital Cristo Redentor com queimaduras em todo o corpo.
O condomínio fica na Rua Inocêncio de Oliveira Alves, próximo à esquina com a Rua João Fázio Amato. A explosão pôde ser ouvida na região por volta de 0h30min. Corpo de Bombeiros, Brigada Militar, Polícia Civil e Defesa Civil atenderam a ocorrência durante madrugada. Pelo menos, quatro veículos dos bombeiros chegaram a ir ao local.
Além da torre 10 que corre risco de desabar, as torres do lado e a de trás vão seguir interditadas por pelo menos 24h, mesmo que sem risco de desabamento. Ainda há áreas quentes nesses prédios. Já nas demais os moradores estão retornando aos poucos.
— Como o GLP tem um alto grau de explosividade, houve um colapso na estrutura. Como a explosão foi no terceiro andar, rompeu a estrutura do quarto e do segundo andar também. Então, por questão de precaução e prevenção, nós estamos com todos os moradores para fora dos prédios, dos apartamentos, aguardando o laudo para verificação das estruturas do prédio — afirmou a capitã Rafaela Amim.
Segundo os moradores, o condomínio tem 22 torres e cerca de 400 apartamentos — pelo menos metade deles ocupados. Os moradores foram orientados a ir para casas de familiares e amigos ou albergues do município. Durante a madrugada, dezenas ficaram na rua, aguardando atualizações. No final da madrugada desta quinta-feira, quem mora em torres distantes do local da explosão foi liberado apenas para buscar pertences em seus apartamentos. Neste momento, as crianças puderam aguardar no salão de festas, que fica próximo à portaria. Pelo menos três famílias foram encaminhadas para pousadas públicas.
Sobre um retorno aos prédios, o coordenador adjunto da Defesa Civil de Porto Alegre, Evandro Lucas, esclareceu que depende da realização de uma perícia:
— Preventivamente e por solicitação do Corpo de Bombeiros, evacuamos todo o condomínio até que se organize essa questão de perícia, qual é a cena segura. Após isso, vamos começar a deixar o pessoal retornar (para os prédios seguros) — disse. — A engenharia vai dizer qual que está seguro e qual não está.
Ele conta que o deslocamento de ar foi intenso, tanto que existem vidros trincados bem distantes do foco da explosão, em torres distantes, por isso a recomendação de evacuar todo o condomínio.
Estouro e vidros quebrando
Daniele Souza, 32 anos, moradora da torre 6 disse estava acordada, com insônia, quando ouviu o estouro.
— Eu abri a janela do quarto, vi as pessoas correndo e pensei que algum atirador havia entrado no condomínio, jogado uma bomba e estivesse atirando nas pessoas, pois os portões estão sempre abertos, é fácil de entrar. Somente depois que a minha vizinha disse que os bombeiros estavam mandando descer em razão de um incêndio é que entendi o que estava acontecendo —relata.
Daniele conta que as chamas podiam ser vista de longe em razão da altura e que o barulho dos vidros quebrando deixaram todos assustados. Segundo ela, outros moradores teriam dito que o cheiro de gás podia ser sentido desde a tarde da quarta-feira.
Como começou
Morador do andar onde ocorreu a explosão, Rafael Vieira conta que, em um primeiro momento, ele e a esposa sentiram um cheiro forte de gás e foram para o corredor do bloco. Eles repararam que o cheiro estava concentrado no apartamento do vizinho da frente. Após acionar o porteiro, a válvula de gás foi desligada. Segundo Rafael, neste meio-tempo, eles conseguiram avisar vizinhos do condomínio sobre a situação.
Conforme a capitã Amim, uma ocorrência foi registrada no sistema dos bombeiros por volta de meia-noite sobre possível vazamento de gás no local. A guarnição foi ao endereço e auxiliou na retirada de dois moradores que estavam no apartamento com vazamento.
— Quando a guarnição estava no andar abaixo (ao do vazamento), houve a explosão no prédio, com algumas vítimas e os bombeiros também foram feridos nessa ocorrência — detalhou.
Eduarda Xavier, que mora perto da torre onde houve a explosão, relatou que o condomínio estava com falta de gás e que uma empresa foi ao local abastecer algumas torres, entre a noite e a madrugada. A causa da explosão, porém, ainda será averiguada pela perícia.