As condições climáticas não permitiram que uma das mais duradouras obras de Porto Alegre seja, enfim, entregue por completo. Prevista para ser concluída no dia 15 de janeiro, esta segunda-feira, a duplicação dos 6,5 quilômetros da Avenida Tronco terá um novo aditivo de prazo, conforme a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi).
A pasta foi consultada pela reportagem de GZH, pois o prazo que apontava a entrega da duplicação para esta segunda-feira estava previsto na plataforma Te Liga na Obra. O site mantido pela administração municipal apresenta dados e informações de construções importantes em andamento na Capital. Entretanto, segundo a secretaria, a entrega da Tronco precisará ser adiada "por conta do fator climático, que atrapalhou o andamento da obra".
Conforme a Smoi, a duplicação da Tronco está 94% concluída. E, na parte viária, apenas um "trecho de 60 metros precisa ser finalizado", garante a pasta de Obras e Infraestrutura. O contrato de aditivo de prazo deve ser publicado ainda hoje, pela projeção da prefeitura. O novo prazo de entrega ficará entre fevereiro e março. Vai depender do comportamento do tempo, pois os trabalhos precisam ser feitos sem chuvas fortes. A duplicação estava dividida em quatro trechos. Atualmente, os trechos 3 e 4 estão prontos. O que falta ser concluído está nos trechos 1 e 2. O total investido chega aos R$ 129 milhões.
Com quase 12 anos de obras em andamento — os trabalhos começaram em maio de 2012 — e uma década de atraso na entrega, a duplicação da Tronco é uma das chamadas Obras da Copa de 2014. A ideia era criar uma alternativa para desafogar a chegada e saída da Zona Sul, já sobrecarregada nos caminhos tradicionais, saindo pelo Centro e costeando o Guaíba ou através da Terceira Perimetral.
Reassentamentos atrasaram andamento
O maior empecilho para o andamento dos trabalhos foram os reassentamentos de quem vive na área afetada pela duplicação. No total, 1.470 famílias precisaram sair de casa para dar espaço ao asfalto e o concreto. A última remoção foi concluída em dezembro de 2021, quando Sandra Maria da Rosa, conhecida na região como Mãe Sandra do Bará, assinou o contrato com o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) para receber um bônus-moradia.
Ela e a família se estabeleceram nova residência no mesmo bairro, mas fora do traçado das obras. Nem todas as famílias foram reassentadas, parte ainda recebe aluguel social para manter a moradia enquanto a prefeitura não pontua uma solução definitiva.
Se for entregue dentro do novo prazo previsto pela prefeitura, as obras da Tronco não chegarão a completar 12 anos em andamento. No entanto, estarão bem além do prazo da Copa da 2014, chegando ao fim com um caminho marcado por muito atraso e adiamentos.