O comandante Regional Metropolitano do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Ricardo Mattei, disse na tarde desta terça-feira (9), em entrevista ao programa Gaúcha+, que a corporação pode abrir investigação para apurar uma possível falha humana no atendimento dos agentes na explosão de um dos edifícios do condomínio Alto São Francisco, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, na madrugada da última quinta-feira (4).
A medida só deve ser instaurada após a conclusão do laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP), que avalia o que causou a explosão. Em um primeiro momento, o procedimento dos bombeiros terá foco nas ações dos agentes, por conta das lesões provocadas, e nos moradores durante a ocorrência.
Em um relatório elaborado pelos moradores a respeito do incidente no local, é apontado que os bombeiros que verificaram a torre 10 não desligaram a energia elétrica no prédio. Há relatos de residentes mencionando que a explosão aconteceu no momento em que um morador ligou a luz de um apartamento. O documento foi enviado ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP) e à Defensoria Pública para análise.
— Como houve a intercorrência, possivelmente houve alguma falha procedimental no atendimento. Se realmente aconteceu, essa foi a principal falha. É o que estamos levantando — disse Mattei.
Segundo o comandante regional do Corpo de Bombeiros, três agentes da corporação estavam no local no momento da ocorrência. Ele admitiu que dois moradores, que estavam no terceiro andar da torre 10 antes da explosão, deveriam ter sido retirados do local durante o atendimento.
No entanto, com relação ao corte de energia elétrica antes da inspeção, Mattei disse que não seria cabível fazer o desligamento, porque segundo ele, se ocorresse, as pessoas poderiam ligar velas e similares, o que poderia ser ainda mais grave ao fato ocorrido no local.
— O protocolo é uma referência de atendimento genérica. Cada caso é um caso. Não se tratava de vazamento em residência unifamiliar. Não tínhamos certeza do ponto do vazamento. Dentro da exposição, um interruptor, velas, celular, fósforo, uma iluminação de emergência, tudo é um risco para causar a explosão. Não minimizaria nesse caso. — apontou.
Um dos feridos, identificado como Tiago Lemos, 38 anos, morreu nesta segunda-feira (8), em decorrência do impacto da explosão. Ele teve 90% do corpo queimado. Outras oito pessoas ficaram feridas, entre elas, dois bombeiros. Uma delas, que é moradora do condomínio, permanece internada e em estado grave, na UTI do Hospital Cristo Redentor.