Os familiares de Tiago Rodrigues de Lemos, que morreu aos 38 anos, na segunda-feira (8), em decorrência das queimaduras e ferimentos causados pela explosão em uma torre de condomínio localizado no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, o descrevem como um rapaz "alegre, trabalhador e amante de pagode".
O corpo do frentista foi velado e sepultado, nesta terça-feira (9), no Cemitério Parque São Jerônimo, em Alvorada, na Região Metropolitana.
A mãe Angela Maria Rodrigues de Lemos, 68, conta que ele era separado e pai de dois filhos — Laysla, 17, e Nícolas, 9. Tiago trabalhava como frentista em um posto de gasolina no Rubem Berta.
— O Tiago era um guri trabalhador, alegre e adorava um pagode — diz a mãe cercada por parentes em frente à capela 2, onde ocorreu o velório.
Segundo dona Angela, o sonho do filho era comprar um apartamento, o que conseguiu no segundo andar de uma das torres do condomínio Alto São Francisco, onde houve a explosão na madrugada de quinta-feira (4).
Para obter o imóvel, Tiago precisou vender o veículo da marca Citroën que possuía.
— Ele andava bem desanimado, porque o apartamento estava com um vazamento de água. E dizia que sentia cheiro de gás. Pediu para eu rezar por ele — recorda a mãe, bastante abatida pela perda do filho.
— Vou enterrar meu filho e ir em busca de justiça. Estou arrasada — desabafou.
O irmão João Alfredo, 48, compartilha que Tiago deixa só lembranças boas e que o momento agora é de tristeza. E reforça o relato da mãe:
— O Tiago reclamava do cheiro de gás.
Os parentes dizem que ninguém procurou a família ou ligou para prestar qualquer tipo de auxílio. O clima é de indignação entre as pessoas que conviviam com a vítima.
— Ele era divertido. Levava o guri (filho) para jogar futebol — menciona outro irmão, o eletricista Marne de Lemos, 39.
— O sonho dele (ter um apartamento) matou ele — acrescenta, salientando que o imóvel já tinha problema.
A tia Rosane Rodrigues, 53, pondera que o sobrinho era bem "família" e que com ele "não tinha tempo ruim". Ela diz que as notícias divulgadas de que estão dando suporte para os familiares são mentirosas.
— Sou a tia que vai esperar pelo bom dia dele durante todos os dias — revela, emocionada.
Natural de Alvorada e nascido em 4 de maio de 1985, Tiago tinha se mudado para o apartamento no sábado, dia 30 de dezembro. Não passou uma semana completa no local, já que a explosão ocorreu em 4 de janeiro.
O casal de proprietários do posto de gasolina onde Tiago trabalhava havia cerca de quatro anos esteve presente no velório. Para a empresária Cleonice Cunha Damasceno, 59, só há elogios ao jovem.
— Era nosso melhor funcionário. Não tenho o que reclamar. Ele sempre vinha impecável para o trabalho — lembra, citando que ele já tinha trabalhado no mesmo local no passado e estava em sua segunda passagem.
O marido Marcio Damasceno, 55, segue a mesma linha da esposa:
— O Tiago era o tipo de funcionário que os clientes conheciam pelo nome.
Após o acidente, ele foi encaminhado em estado grave para a UTI do Hospital Cristo Redentor, onde faleceu de falência múltipla de órgãos em decorrência de complicações causadas por queimaduras em 90% do corpo.
Além da mãe e do casal de filhos, Tiago deixou outros sete irmãos e 17 tios. O pai João Matias já havia falecido há dois anos.