As duas usinas responsáveis pela produção de asfalto em Porto Alegre passarão a operar, em 2024, com energia limpa. A previsão da prefeitura é de que a instalação localizada no bairro Sarandi, na Zona Norte, passe pela transição energética em março, enquanto a que fica na Restinga, na Zona Sul, seja beneficiada no mês de julho.
Os estudos realizados indicam que, com a mudança, deverá haver uma emissão de 525 toneladas de gás carbônico (CO₂) na atmosfera no acumulado dos cinco anos de contrato. Ao mesmo tempo, estima-se uma economia de R$ 600 mil para os cofres públicos.
A medida faz parte do plano de Ação Climática, que é coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade. Ao todo, 67 estruturas e prédios públicos, unidades consumidoras de média tensão, passarão a contar com energia exclusivamente limpa. Isso representará anualmente, 3 mil toneladas a menos de CO₂ liberados na atmosfera e uma economia de R$ 3,2 milhões.
Atualmente, toda a estrutura municipal é abastecida pela CEEE Equatorial, que distribui a energia com todas as tarifas reguladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica. A nova modalidade é baseada no Mercado Livre de Energia, em que todas cláusulas contratuais podem ser negociadas entre as duas partes envolvidas.
A licitação conduzida pela prefeitura foi vencida pela Urca Comercializadora de Energia Ltda.. De acordo com o engenheiro eletricista Alex Sander Zanoteli Martins, da Secretaria Municipal de Parcerias (SMP), a proposta apresentada pela empresa representa uma economia de aproximadamente 30% em relação ao que é pago hoje para a CEEE Equatorial pelo megawatt-hora (MWh).
— Ela é uma energia incentivada, de fonte sustentável. Ela pode ser tanto eólica, quanto solar, a partir de biogás, pequenas centrais elétricas, entre outras fontes renováveis — explica Zanoteli.
Usinas mais sustentáveis
Hoje, as duas usinas fabricam 90 mil toneladas de asfalto por ano. O processo de produção já possui um viés sustentável, pois Porto Alegre utiliza o chamado asfalto morno nas ruas.
— Fomos a primeira capital a usar o asfalto morno. Ele é muito usado na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos. Ele permite a aplicação de qualidade numa temperatura mais baixa. Além disso, reduz a emissão de CO₂, gasta menos energia na usina, traz menos danos para os trabalhadores porque solta bem menos fumaça, podemos liberar o trânsito mais rápido porque é um material mais eficiente — explica o titular da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Smsurb), Marcos Felipi Garcia.
O secretário está em Dubai, nos Emirados Árabes, onde participa da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28).
Outro material que vem sendo utilizado com mais frequência ultimamente é o cimento asfáltico de petróleo, o asfalto-borracha. Todos os pneus inutilizados, em vez de irem a arroios e lixões a céu aberto, acabam sendo transformados em asfalto. Mais de 40 ruas da cidade já receberam a aplicação.
— Todas as nossas licitações incluem o asfalto-borracha. Já é uma realidade em Porto Alegre.
Um teste está em andamento na Rua Voluntários da Pátria. Em uma das faixas foi aplicado polímero e em outra, borracha. Por isso, quem trafega pela via percebe a diferença entre as faixas. Técnicos da Smsurb estão acompanhando a evolução dos materiais ao longo do ano.
A pasta pretende, em breve, adotar o uso de asfalto reciclado. O processo está em fase de contratação da empresa para adaptação da usina do bairro Sarandi. A instalação deverá oferecer mais este serviço.