O nível do Guaíba atingiu o índice de cota de inundação (3 metros) no Centro Histórico, nesta segunda-feira (20), conforme medição da Rede Hidrometeorológica Nacional. Com isso, a prefeitura de Porto Alegre decidiu fechar as comportas do sistema de contenção de enchentes. Foram fechados, inicialmente, os portões 4, na na Avenida Sepúlveda, 6 (Catamarã), 12 e 14. À tarde, foi iniciado o fechamento das comportas 1 (Usina) e 2 (Embarcadero).
Com isso, todo o sistema de contenção está acionado. Por volta das 15h, o nível do Guaíba no Cais Mauá chegou a 3m20cm, a maior medida desde 1941.
Setembro de 2023, Guaíba invade a Avenida Mauá
Em setembro, o Guaíba atingiu 3m18cm. Até então a marca mais expressiva desde 1941, quando a medição chegou a 4m75cm no Centro Histórico. Há oito anos, quando houve a última grande enchente na cidade, o máximo registrado foi de 2m94cm. Na ocasião, a prefeitura reforçou todos os portões com dezenas de sacos de areia. Conforme o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), aproximadamente 190 toneladas de material foram utilizados.
Trechos da Orla invadidos pela água
No Trecho 1 da orla do Guaíba, em frente ao Gasômetro, o nível da água invadiu o deque e as passarelas, chegando próximo aos quiosques. Moradores da região e trabalhadores acompanharam a situação com preocupação.
Quem circulou pelo trecho 3 também se deparou com o avanço da água sobre as quadras esportivas.
Novo fechamento
No final do mês, em razão do vento Sul, houve um novo fechamento. Na ocasião, três comportas foram fechadas - 4, 6 e 11 em função do aumento do nível do Guaíba provocado pelo vento Sul. As medições oscilaram entre 2m80cm e 2m90cm.
O sistema de comportas
O sistema de comportas é composto por 14 portões que se estendem ao longo do muro da Mauá e nas passagens abaixo da Avenida Castello Branco. Desses, oito ficam abertos e outros seis estão fechados de forma permanente.
As comportas localizadas no muro da Avenida Mauá e em pontos próximos formam a parte mais visível da estrutura de proteção contra cheias de Porto Alegre, mas integram um sistema muito maior e mais complexo que muitas vezes passa despercebido – e nem sempre funcionou como o esperado.
Traumatizada desde a enchente de 1941, a Capital montou um amplo mecanismo para manter-se a salvo de outra inundação: envolve o muro da Avenida Mauá, onde fica parte das 14 comportas que se fecham em momentos de alerta, 23 casas de bombas destinadas a despejar a água acumulada de volta ao Guaíba e 24 quilômetros de diques externos que funcionam como barreiras complementares ao muro de concreto erguido no Centro Histórico, onde também há portas metálicas, além de outros diques internos espalhados por diferentes pontos da cidade.