Morador de Esteio, o jovem José Carlos de Araújo, 18 anos, foi ao centro de Porto Alegre, na manhã desta quinta-feira (19), na esperança de, enfim, conseguir o primeiro emprego. José Carlos é autista e estava acompanhado do pai, Julio de Araújo, 63 anos, em evento realizado pela prefeitura de Porto Alegre. O estudante foi entrevistado por uma empresa de construção civil na tentativa de iniciar carreira profissional e ajudar a família:
— É um pouco das duas coisas. Me colocar no mercado para aprender e ter alguma experiência e também melhorar a renda da minha família.
Morando com mais seis pessoas no município da Região Metropolitana, o jovem diz ter dificuldade na relação e na comunicação do dia a dia, mas consegue se sair bem no contato com os recrutadores. Ele conta que viveu experiências frustrantes recentemente após disputas de vagas e falta de retorno das empresas, mesmo com sinalizações positivas durante o processo. Nesta quinta-feira, saiu esperançoso da entrevista mais recente.
José Carlos é uma das centenas de pessoas que disputavam 2,7 mil vagas no mercado de trabalho em estrutura montada em frente ao Sine Municipal, no Centro Histórico, nesta quinta-feira. O local recebeu o primeiro dia do feirão de emprego, promovido pela Secretaria Extraordinária do Trabalho e da Qualificação Profissional. O evento, que conta com entrevistas, palestras e mentorias para preparar os candidatos, ocorre nesta quinta (19) e na sexta-feira (20).
Até por volta das 15h30min desta quinta-feira, 745 fichas haviam sido retiradas no local, com 650 entrevistas realizadas. Por ordem de chegada, os interessados pegavam um tíquete e eram encaminhados para uma espécie de auditório, onde painelistas especialistas em recursos humanos (RH) dão dicas para aumentar as chances de ingresso no mercado. Em seguida, eram chamados para conversar com alguma das 34 empresas participantes do feirão.
O titular da pasta, Tiago Simon, afirma que, além de juntar empregadores e possíveis colaboradores, a ação tem como objetivo qualificar os candidatos na busca por colocação nas empresas, um dos focos da atual administração:
— Nossa ideia é trabalhar nesse sentido, inclusive vamos lançar um programa, o Qualifica POA, no intuito de trabalhar os aspectos comportamentais, atuando em pontos como autoestima, postura e todos os fatores necessários para que o nosso trabalhador tenha mais empregabilidade.
Reforço no guarda-roupas e esperança e mudar de área
Além das palestras e mentorias, o evento também tinha um posto chamado cabide solidário, onde candidatos tinham diversas opções de vestuário para usar nas entrevistas ou no emprego em caso de contratação. O casal Pâmela Leticia, 28 anos, e Luan Gonçalves, 22 anos, passou pelo local. Luan pegou um jogo de roupas para reforçar o roupeiro em caso de chamamento por parte de alguma empresa.
— Não tenho emprego e assim pelo menos ajuda a ter alguma roupa melhor para usar. No momento, não tenho condições de comprar — explica o rapaz.
Ambos aguardavam o chamado para entrevistas. Pâmela está há cerca de três anos buscando emprego e enxerga no feirão uma oportunidade de aumentar as chances de recolocação.
O perfil dos candidatos era variado na manhã desta quinta-feira, reunindo desde jovens com 18 anos buscando a primeira vaga, como o entrevistado que abriu essa reportagem, até pessoas com 50 anos ou mais. As vagas também variam entre níveis com menor qualificação até cargos mais técnicos, com empresas das áreas de indústria, serviços e comércio.
Kailany Braga, 20 anos, ficou sabendo do feirão pelas redes sociais e resolveu ir até o local. Ela atua como motoboy, mas quer um emprego mais estável e seguro e aposta no feirão e em contatos com o Sine para avançar nessa mudança:
— Trabalho como motoboy, faço entregas pelo iFood e em outros meios, mas está muito perigoso trabalhar de moto. Tomei um encontrão no trânsito esses dias e resolvi procurar outro emprego para não ficar horas em cima da moto.
Kailany afirma que ver o local com diversas empresas aumenta a esperança por colocação no mercado de trabalho.
Gesson Marques Gonçalves, 43 anos, recebeu a última parcela do seguro-desemprego na semana passada e corre atrás de uma vaga para estabilidade na renda. Após ser demitido de uma empresa na qual atuou por cerca de dois anos, fez bico de segurança em alguns eventos para complementar o orçamento.
— A gente não pode esperar muito tempo. As contas batem. Quando fui fazer a ficha no Sine da (Avenida) Borges de Medeiros, disse que queria desde limpeza até qualquer coisa. Quero trabalhar e espero ter sucesso — pontua Gonçalves.
Serviço
- O que: feirão de empregos da prefeitura de Porto Alegre
- Quando: dias 19 e 20 de outubro
- Horário: das 9h às 16h
- Onde: Avenida Sepúlveda, na esquina com a avenida Mauá, no Centro Histórico
- Documentos necessários: RG e CPF. Quem não tiver currículo impresso, pode levar o arquivo em algum dispositivo ou enviar por plataformas digitais, como mensagens, e-mail etc, que uma impressão gratuita será providenciada na hora