Apesar da interdição total da ciclovia da Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, muitos ciclistas e pedestres aproveitam o feriado para circular, nesta quarta-feira (20), ao longo dos 9,6 quilômetros do via, desde a Borges de Medeiros até a Antônio de Carvalho. O bloqueio do espaço para bicicletas, anunciado pela prefeitura há duas semanas, foi estabelecido para garantir a segurança dos usuários e avaliar os impactos das chuvas nos taludes do Arroio Dilúvio.
Desde julho, seis trechos da barreira desabaram . Dois dos deslizamentos ocorreram na semana passada (veja o mapa abaixo).
Nesta quarta, GZH constatou que pelo menos 15 gradis foram instalados para impedir a circulação na ciclovia. Eles estão posicionados nas esquinas das vias mais movimentadas, como Erico Veríssimo, Getúlio Vargas e Doutor Salvador França. Faixas de isolamento também foram utilizadas para tentar conter os usuários, mas, em diversos trechos, as fitas foram retiradas ou derrubadas. Em alguns locais, sequer existem faixas sinalizando a interdição, como é o caso do trecho entre a Salvador França e Rua Lício Cavalheiro.
Como alternativa à interdição, a prefeitura liberou, em caráter de emergência, que os ciclistas utilizem vias adjacentes, como Marcílio Dias, Princesa Isabel, São Manoel e Felipe de Oliveira, no bordo da via, ou na Avenida Ipiranga, junto ao passeio compartilhado com pedestres.
A veterinária Melanie Noleto, 28 anos, contudo, afirma ter sentido dificuldades, apesar de usar a ciclovia junto ao Dilúvio principalmente nos fins de semana e feriados.
— Eu tenho que encontrar uma maneira de fazer esse trajeto com maior segurança e andar fora da ciclovia. Eu acho perigoso andar na calçada, porque tem pedestres, pessoas querendo atravessar e, às vezes, alguém com carrinho. Ou as pessoas não respeitam, né? Não olham para os lados, não olham para trás, e aí você fica refém de cuidar do que você faz e do que os outros fazem também — explica.
Muitos usuários também argumentam que a ciclovia é fundamental para a mobilidade urbana na Capital. O aposentado Ilário dos Santos Costa, 68, morador de Tramandaí, é um deles. Ele conta que recebeu a notícia da interdição com espanto e tristeza.
— Mesmo assim eu preferi respeitar, até onde não tem mais a faixa. Eu não ando pelo asfalto. Pela calçada é claro que não é tão bom, mas é melhor do que pela avenida, porque é muito mais perigoso — diz.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) reconhece a retirada das fitas e afirma que a interdição é necessária para garantir a segurança dos cidadãos. A prefeitura afirma que tem fiscalizado e recolocado os isolamentos ao longo da ciclovia da Ipiranga.
O secretário municipal de Mobilidade Urbana, Adão Castro Júnior, informou que está sendo feita uma força-tarefa junto com a EPTC, Dmae, Secretaria de Obras, Secretaria de Serviços Urbanos e Secretaria de Meio Ambiente. A chuva, segundo o secretário, prejudicou a vistoria da pista para ciclistas.
— A força-tarefa tem como objetivo fazer uma análise preliminar e liberar os trechos que entendemos estarem estáveis e sem risco à segurança das pessoas. Será feita ao longo desses próximos meses toda a manutenção dos pontos que foram comprometidos. Mas, em vistorias que já realizamos, verificamos que há várias fechaduras longitudinais e que foi o que levou a prefeitura a fazer a interdição.
Ainda não há uma previsão para liberação da ciclovia.