Um dos proprietários da Brasmac Engenharia, Luis Fernando Schuler, garantiu a GZH que o problema causador dos desabamentos de seis trechos do talude e da ciclovia do Arroio Dilúvio, na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, não é o trabalho que a sua empresa está fazendo desde o ano passado:
— Não é a dragagem. A base do muro está no lugar. O que cede é o barranco, que empurra a parte de cima do muro. Se fosse por causa da dragagem, cairia em outro sentido.
A Brasmac, segundo Schuler, faz serviços de dragagem para a prefeitura desde 1998. Na manhã desta sexta-feira (15), o engenheiro acompanhava a equipe da empresa em um trabalho nas proximidades da estação da CEEE, entre os bairros Bom Jesus e Intercap. O serviço era o de isolar o local para evitar a passagem de pedestres e ciclistas nas duas laterais do Dilúvio no ponto onde ocorreu novo desmoronamento nesta semana.
— Todos os pontos que caíram, menos um, são do lado da ciclovia, pois ocorre infiltração. Embaixo (de onde ficaria calçada ou trecho de ciclovia) tinha uma camada de argila, que impermeabilizava. Quando a chuva caía, corria, não infiltrava. Quando fizeram a ciclovia, cortaram uma camada e agora tem uns 70 centímetros de brita e areia e isso vira um filtro. A água vem, infiltra e fica acumulada, não seca e vai apertando o barranco, que escorrega. É o que acontece nas rodovias, nos barrancos laterais — disse o empresário.
No ponto onde a conversa ocorria, no entanto, não existe calçada nem ciclovia, apenas mato. Schuler disse, então, que o problema ali foi causado pela força da água, que criou um buraco na base do muro, fazendo com que os taludes se deslocassem. Segundo ele, naquele local é preciso ser refeito o salto hidráulico — espécie de mureta que atravessa o Dilúvio de forma perpendicular aos taludes, com o objetivo de diminuir a velocidade das águas.