Há pouco mais de um ano, GZH foi às ruas para mostrar como estava a condição de diferentes vias de Porto Alegre, alvo constante de reclamações de motoristas. Agora, a reportagem realiza um novo levantamento que mostra que houve avanços, mas que muitos problemas continuam — como buracos, desníveis e ondulações.
Com base nos relatos que mais persistem e se repetem entre os leitores de GZH e ouvintes da Rádio Gaúcha, a reportagem realizou uma blitz em 23 avenidas e ruas da Capital para verificar como estão as condições delas. As maiores reclamações estão em vias da Zona Norte, principalmente nas avenidas Farrapos, Benjamin Constant e Cristóvão Colombo (veja, no mapa abaixo, a condição de cada via visitada).
— Tem alguns pontos da Farrapos, Cristóvão e Sertório que precisavam ser melhorados. Quando vou para o aeroporto, após a estação da Trensurb, o asfalto é muito irregular. Às vezes, utilizo a Avenida Pernambuco para evitar passar por ali — afirma o taxista Rodrigo Scheffer.
Os transtornos causados aos motoristas não se limitam apenas a mudanças de trajetos. Também têm reflexos no bolso dos condutores.
— Isso compromete a suspensão do veículo gravemente, acaba reduzindo o tempo de manutenção e gera um gasto a mais do que o normal. Amortecedores, pneus, suspensão, geometria — explica Sandro de Oliveira, 48, que trabalha há mais de 25 anos dirigindo pelas ruas da cidade.
Em resposta à reportagem, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) afirmou, em nota, que "teve um reforço de R$ 60 milhões por meio de um financiamento do Banco do Brasil para o programa de pavimentação de 17 vias da Capital". O texto informa também que o titular da pasta, Marcos Felipi Garcia, reconhece que ainda há muito trabalho a ser feito, mas contrapõe que nunca tantas ruas foram asfaltadas numa mesma gestão, de um total de 2,8 mil quilômetros no município.
Apesar disso, motoristas também reclamam da maneira de como é feita essa manutenção.
— Temos muitos buracos que são esquecidos nas avenidas, deformações e remendos no asfalto, valetas que são feitas para mexer em encanamentos e que ficam mal fechadas — comenta Sandro de Oliveira.
Assim como ele, o motorista Jesus de Oliveira, 55, questiona a situação:
— Se vai tapar aquele buraco ali, por que já não faz certinho? Já vai gastar mesmo, então que faça da melhor maneira. Eles tapam, mas em seguida volta o buraco, porque é mal-feito. A fiscalização está pecando nessa área, porque autoriza uma coisa mal-feita. Na (Avenida) Nilo (Peçanha), por exemplo, quantas vezes já vimos obras? Termina uma e começa outra.
A SMSUrb reforça que todos os pedidos e reclamações precisam ser protocolados via sistema 156. Conforme a pasta, o uso de fotos e o cadastramento correto do endereço podem ser uma maneira de agilizar os trabalhos e encontrar soluções.
O que diz a prefeitura sobre os trechos citados
Na Avenida Sertório, já foi dada a ordem de início das melhorias em pontos dessa via, que fazem parte dos serviços no trecho contemplado no Lote 3C do financiamento de R$ 60 milhões do Banco do Brasil, que teve início em 1º de de agosto deste ano.
Sobre os remendos e asfalto raspado no trecho final da avenidas Assis Brasil e Baltazar de Oliveira Garcia, uma vistoria já está programada para a conservação de rotina das vias. Sobre o acúmulo de água, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informa que não há registro de alagamentos graves no local.
Na Benjamin Constant, a ordem de início dos serviços de recuperação também foi dada no dia 1º. A avenida é uma das contempladas no Lote 3C do financiamento do Banco do Brasil. A previsão é de que os serviços em todo esse lote sejam concluídos em 10 meses.
Na Cristóvão Colombo, a ordem de início foi dada em 26 de julho. Esse trecho faz parte do Lote 3B do financiamento de R$ 60 milhões.
As melhorias nas avenidas Farrapos, Assis Brasil, Borges de Medeiros, Azenha, João Pessoa, Wenceslau Escobar e Coronel Marcos já estão na programação de vistorias para a conservação de rotina das vias.
A Rua Voluntários da Pátria também está nessa programação de vistoria, assim como as avenidas Silva Só, Goethe e rua Mariante. Sobre os alagamentos, nos dias de chuva na Voluntários, também não há registro de alagamentos graves. Sobre a falta de sinalização, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informa que o trecho está na programão de manutenção da sinalização.
Na Anita Garibaldi, as melhorias estão contempladas no Lote 3 do financiamento, que teve ordem de início em 7 de agosto deste ano. A previsão é de que os serviços nas vias em todo esse lote também sejam concluídos em 10 meses.
Na Avenida Princesa Isabel, a ordem de início para as melhorias na via foi dada no último dia 18. As demais ruas do bairro estão dentro da programação de vistoria para a conservação das vias. Sobre o acúmulo de água nas laterais da via, o Dmae não identifica alagamentos graves no local.
Na Avenida Protásio Alves, já foram feitas obras de alargamentos da via e melhorias em pontos críticos, mas a duplicação requer uma obra de grande investimento. A região, conforme a prefeitura, segue em permanente vistoria para a manutenção da via.
A Ipiranga está na programação de vistorias para a conservação de rotina. Já sobre o acúmulo de água nos dias de chuva, o Dmae informa que está em obras na dragagem do Arroio Dilúvio.
Segundo o Executivo municipal, a Mauá também está na programação de vistorias para a conservação de rotina. Os desníveis na pista, em relação aos tampões, a prefeitura está avaliando e chamando os responsáveis para que façam um levantamento.
A Avenida Bento Gonçalves está na programação de vistorias para a conservação de rotina. Já sobre a sinalização na via no sentido Centro-bairro, a EPTC informa que o trecho está no programa de manutenção da sinalização.
A Cavalhada está em obras em fase final de conclusão. Após isso, a sinalização será feita pela EPTC.
Na Avenida Juca Batista, após vistoria já realizada, o levantamento dos tampões será incluído na programação para a realização dos serviços e as paradas em concreto estão sendo concluídas.
Sobre a Vicente Monteggia, um trecho crítico da via está em obras de alargamento e a sinalização será feita pela EPTC, após a conclusão do serviço. O restante do trecho será recuperado após as obras de alargamento.
Investimento de R$ 60 milhões
Em outubro do ano passado, a prefeitura anunciou investimento de R$ 60 milhões para reestruturação e recuperação da pavimentação de asfalto em vias importantes para a circulação na cidade.
Estão incluídos trechos da Avenida Assis Brasil (Centro-bairro), entre Avenida Alcides Maia e Rua Bernardino Silveira Amorim; da Avenida Sertório, entre Rua General Raphael Zippin e Avenida Baltazar de Oliveira Garcia; e da Avenida Manoel Elias, entre as avenidas Protásio Alves e Baltazar de Oliveira Garcia; além das ruas dos Maias e Bernardino Silveira Pastoriza.
Essas cinco vias serão totalmente reestruturadas, o que significa que a obra vai reconstituir desde a pré-base de pedra e brita, e concreto quando necessário, antes da nova camada de asfalto. O conjunto das obras representa 28.204 metros de extensão de pista e um leito viário de 291.902 metros quadrados.