Apontar os problemas e buscar soluções. Esses são os propósitos da série de reportagens que iniciamos este ano. A experiência de repórter e as agruras de ser uma pessoa com deficiência me impulsionaram a mostrar os obstáculos da cidade grande para cadeirantes, idosos, pessoas com dificuldades de locomoção, carrinhos de bebê ou qualquer um que, distraído, possa tropeçar em imperfeições de uma calçada mal projetada.
A primeira reportagem foi publicada no dia 6 de maio. Após uma visita ao Trecho 1 da Orla da Guaíba – o Parque Moacyr Scliar –, foram encontrados problemas como falta de rampas, aclives e declives íngremes demais e buracos no calçamento.
Questionados, o consórcio GAM3 Parks e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) se prontificaram a solucionar o que estivesse ao alcance, além de prometerem avaliar as questões de longo prazo.
Passados 10 dias da primeira matéria, a GAM3 entrou em contato para relatar a implantação de rampas nos deques, convidando a reportagem para checar se estaria de acordo. Constatei que a dificuldade persistia: a inclinação da rampa era mais um risco do que uma solução. Funcionários do consórcio acompanharam o teste, concordaram que não foi a solução mais adequada e prometeram resoluções o mais breve possível.
O retorno não tardou em chegar. Em meados de junho, a GAM3 Parks enviou fotos da mais recente adaptação nos deques. Parecia, enfim, a rampa ideal, mas ainda faltava verificar pessoalmente. Chegando lá, uma grata surpresa: inclinação quase zero, acompanhando o desenho e o material do deque. Subi, desci, subi e desci de novo para garantir que, agora sim, havíamos chegado à melhor solução.
O representante do consórcio mostrou-se satisfeito com nosso parecer positivo e prometeu que seguirá o mesmo padrão em quaisquer imperfeições ao longo do Trecho 1:
– Vamos usar essa como espelho para as demais.
Enquanto fazia o test drive da rampa, deparei com um senhor que tinha dificuldades de locomoção, caminhando ao longo da Orla amparado por outras pessoas. Acessou o deque tranquilamente, sem tropeços, coisa que não seria possível dois meses atrás. Em um dia de veranico deste nosso indeciso inverno, vislumbrei o reflexo do sol no Guaíba e respirei aliviada: valeu a pena.