Às vésperas de completar três anos do lançamento, em 5 de junho, o programa de requalificação de pavimentos de Porto Alegre tem obras concluídas ou em andamento em 22 dos 32 trechos previstos no plano divulgado em junho de 2020. As melhorias em andamento, em levantamento atualizado nesta terça-feira (30), são trechos das avenidas Nilo Peçanha, Juca Batista e toda a Eduardo Prado. Os trechos restantes são distribuídos pela Zona Norte e estão em fase de licitação, com custo de R$ 60 milhões financiados junto ao Banco do Brasil.
Das com obras em andamento, apenas a Nilo está, momentaneamente, liberada para o tráfego normal de veículos, por enquanto. Sete paradas de ônibus foram entregues depois de receberem blocos de concreto no piso, material com mais resistência ao peso de grandes veículos do que o asfalto. A partir de junho, a avenida receberá uma nova camada asfáltica, em procedimento que voltará a causar adaptações no trânsito.
Já na Zona Sul, a Juca Batista alterna entre paradas com concreto instalado, liberadas, e outras em que o asfalto ainda é retirado para a instalação do concreto. Na Eduardo Prado a situação se repete, com a maioria das paradas liberadas, mas uma extensão considerável de homens e máquinas trabalhando no alargamento da pista que leva do Centro ao bairro.
A reportagem de GZH fez uma ronda por 10 avenidas de grande circulação da Capital que estão mencionadas no programa original de qualificação asfáltica, entre a segunda (29) e a terça-feira (30). Foram mais de 90 quilômetros percorridos entre a zona sul, zona leste, região central e zona norte da cidade, verificando como estavam as melhorias já implementadas e como os lugares listados para receber investimentos no futuro aguardam pela qualificação. Na maioria dos blocos de concreto já instalados nas avenidas visitadas, o asfalto em volta não apresenta problemas. Em alguns, no entanto, principalmente onde não há corredor de ônibus, a passagem de veículos de diferentes pesos e tamanhos causa deformidades no asfalto.
A observação constatou que a Avenida Juca Batista é a com mais obras que afetam o fluxo de veículos, e a Antônio de Carvalho, a com mais elevações e buracos em locais onde as obras já foram concluídas. Entre a Avenida Protásio Alves e a Bento Gonçalves, na zona leste da cidade, foram instaladas sete placas de concreto em frente a paradas de ônibus. A mais deteriorada está em frente ao número 1.515. O preço total delas foi, em 2020, R$ 3,8 milhões para a qualificação de 2.646 metros de via (nos dois sentidos da avenida). Este valor foi pago através de financiamento com a Confederação Andina de Fomento (CAF - Banco de Desenvolvimento das Américas).
Os diferentes resultados da convivência física entre os dois materiais de resistência e durabilidade variados são um fator que gera a atenção da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), responsável pelos trabalhos. Segundo a comunicação da pasta, “é um ponto mais sensível dessa requalificação, mas as equipes de engenharia da SMSUrb fazem análises periódicas para avaliar a necessidade de intervenção”.
— Todos os trechos que receberam bloco de concreto tiveram o asfalto tratado em volta. O concreto é feito para durar 20 anos, enquanto o asfalto, com todo o desgaste diário, chega a durar 1 ano. A empresa dá garantia de cinco anos no trabalho, por licitação. Os engenheiros da prefeitura fazem análises do resultado e podem cobrar um reparo por parte da empresa que o fez. Temos um laboratório que analisa a densidade e qualidade do asfalto, o que é um indício que corrobora essas avaliações, além de outras análises estruturais. A fiscalização é quase diária — garante o secretário Marcos Felipi Garcia.
Máquinas reduzem espaço da pista
Já na Zona Sul, tanto na Eduardo Prado quanto na Juca Batista, as máquinas e os trabalhadores reduzem o espaço da pista em que os automóveis passam. A reportagem encontrou equipes de trabalhadores removendo pedaços de asfalto na altura do número 2.165 da Juca Batista com uma escavadeira e um caminhão. Com pista dupla no sentido norte-sul, por vezes era preciso deter o movimento do braço da escavadeira com material na pá para que não houvesse choque do equipamento com os veículos que passavam ao lado. Havia um trabalhador nesta pista secundária, atento a esta dinâmica, comunicando-se com os motoristas e com o piloto da escavadeira através de gestos para coordenar a sincronia entre movimentos e esperas.
Na Eduardo Prado, onde uma das pistas é ampliada, é possível encontrar o buraco aberto no asfalto removido aguardando a instalação de blocos de concreto. Nos números 1.370, 1.571 e 1.701, o asfalto em volta das cavidades que receberão o concreto já apresentava elevações e deformações. Em todas as ocasiões, as paradas dos coletivos com rota na via são deslocadas para poucos metros depois das obras.
A situação é parecida na Avenida Nilo Peçanha, onde uma troca do asfalto deve acontecer a partir da primeira semana de junho para que o piso se adeque ao novo concreto colocado nas paradas de ônibus da via.
Próxima fase contempla 17 ruas e avenidas
Segundo a SMSUrb, os investimentos somados nestas oito vias onde já aconteceram ou ainda acontecem obras estruturais chegam aos R$ 83 milhões. Outros R$ 12,8 milhões foram investidos em melhorias chamadas de “funcionais” em mais vias. Estas reformas, descritas como mais simples, são intervenções menos profundas na estrutura, como renovação da sinalização ou colocação de asfalto novo sobre o antigo depois de raspado, sem necessidade de remoção das pedras que são base para ele no piso.
A próxima fase de melhorias prevista pelo programa de qualificação asfáltica da prefeitura vai contemplar 17 ruas e avenidas que apresentam sinais de desgaste na pavimentação. Para isso, um financiamento junto ao Banco do Brasil, no valor de R$ 60 milhões, deve entrar em ação. Esta fase tem como alvo a zona norte, especificamente as avenidas Cristóvão Colombo, a Assis Brasil, a Sertório (trecho com uma única pista), e a Manoel Elias, além das ruas Bernardino Silveira Pastoriza, Benjamin Constant e dos Maias.
— As entregas até aqui são satisfatórias. Além delas, temos as duas usinas da prefeitura, que tem feito um bom trabalho na manutenção. Nunca se produziu tanto asfalto na cidade. Ao mesmo tempo, as empresas que estão recuperando as avenidas maiores no plano aliviam a exigência de trabalho das usinas, liberando capacidade para cuidar de ruas menores — resume o titular da SMSurb.