O encerramento do IV Encontro dos Municípios Hidroviários do RS, realizado no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa, contou com palestra do economista, navegador, empresário e escritor Amyr Klink. Primeiro homem a atravessar a remo o Atlântico Sul, Klink abordou em seu painel a importância do setor hidroviário para a economia e o potencial do Estado dentro do sistema.
Em uma pequena coletiva momentos antes da apresentação de fechamento do evento, Klink afirmou que, até o momento, as obras de revitalização da orla do Guaíba, em Porto Alegre, não levaram em conta o potencial náutico da região. Na avaliação do navegador, a região não passou por uma revitalização, olhando pelo lado da navegação, porque a reforma “tinha de começar pela água”.
— Isso para mim é uma falsa cosmética, porque esqueceram de uma “pequena coisa” no projeto: dos barcos. Não tem atracadouros dentro das normas internacionais, das normas de mobilidade, de segurança. É uma cosmética que fizeram na borda. O certo era dragar, abrir licitações para marinas particulares e fazer um empreendimento público.
No início de maio, a prefeitura de Porto Alegre anunciou o projeto escolhido para ocupar o trecho 2 da orla do Guaíba por meio de uma parceria público-privada (PPP). A proposta prevê, como equipamentos obrigatórios a serem construídos, um anfiteatro, um centro de eventos, uma marina pública e um farol-mirante.
Klink cita o fato de Porto Alegre ser banhada por água doce como um diferencial para atrair embarcações para marinas na região. Somente a economia com pintura do fundo dos barcos, que sofrem menos em água doce, é um atrativo na Capital, segundo o especialista.
O navegador afirmou que é preciso resgatar o investimento no modal hidroviário, como era observado antes do protagonismo tomado pelo sistema rodoviário, a partir da década de 1970. Dentro desse cenário, o Estado poderia ser um exemplo para todo o país em razão do potencial e localização:
— É o momento de reverter essa perspectiva. O Estado tem um patrimônio hidroviário extremamente único e raro no mundo, tem o privilégio de ter uma saída para a Lagoa dos Patos. É uma benção ter uma estrutura como essa, centenária, que permite a conexão de todo os sistemas e hidrovias do Estado com o Oceano Atlântico. E, no final, quando a gente olha para as iniciativas do poder público, a gente vê que isso ficou esquecido.
Klink destacou que é necessário incentivar uma cultura náutica no país, aliando poder público, privado e sociedade em iniciativas como escolas de navegação, marinas públicas, turismo e serviços na área.
— A gente tem de fomentar a iniciativa privada, estimular o poder público a tomar a dianteira muitas vezes, simplificar a legislação e (melhorar) a questão ambiental.
Durante a palestra no evento da Famurs, Klink contou um pouco de sua história, destacando diversos pontos, como o início pela paixão pelo remo, a travessia do Atlântico Sul e incursões para a Antártica. Segundo o empresário, inspirar iniciativas na área de transporte hidroviário e de navegação podem auxiliar nesse processo de retomada do setor.