Nem foi preciso dar início à segunda edição do South Summit, que será aberta na próxima quarta-feira (29), em Porto Alegre, para as startups gaúchas selecionadas como competidoras no evento de inovação começarem a sentir seus efeitos positivos.
A maior parte das oito empresas já vem recebendo sondagens e propostas de reunião de possíveis parceiros e investidores enquanto terminam de preparar as apresentações de seus projetos de negócio à comissão julgadora. O Cais Mauá, que sediará o encontro pelo segundo ano consecutivo, também recebe os últimos ajustes antes de reabrir as portas dos armazéns para a tecnologia e o empreendedorismo.
— Só nos últimos três dias, recebemos e-mails de Hong Kong, Canadá e Estados Unidos de possíveis investidores que manifestaram interesse de nos conhecer pessoalmente. A indicação como finalista nos abriu várias portas — surpreende-se o fundador e CEO da startup Greenmotor, Edu Kautz, que trabalha na Capital com a aplicação de inteligência artificial em áreas como previsões de estoques e compras para reduzir o desperdício de alimentos.
A DigiFarmz Smart Agriculture, de Porto Alegre, também recebe atenção redobrada antes do início formal do South Summit. Além de programar reuniões presenciais com representantes de fundos de financiamento, o CEO Alexandre Chequim faz um giro de três semanas pelos EUA, onde participa de reuniões e eventos vinculados ao agronegócio e à tecnologia.
— Estamos marcando uma rodada com fundos (de financiamento) com os quais já vínhamos conversando, mas agora aproveitaremos o South Summit para um encontro pessoal — afirma Chequim, ressaltando que outro dos objetivos ao longo dos três dias de atividade à beira do Guaíba será divulgar a bandeira da tecnologia aplicada ao agronegócio.
A própria plataforma digital do evento facilita o contato prévio entre os empreendedores e eventuais interessados, ao permitir a troca de mensagens entre os cadastrados. Pela ferramenta, o CEO da Volters, Eduardo Berriel, já havia marcado duas conversas com possíveis investidores até a quinta-feira (23), e outras reuniões estavam sendo encaminhadas.
— Isso só pelo canal oficial do South Summit. Logo que fomos selecionados como finalistas, fui procurado por outras plataformas, como o LinkedIn, e já fizemos duas reuniões a distância com pessoas de outros países — conta Berriel, que atua na Capital procurando conectar produtores de energia limpa a consumidores.
Preparativos para a competição
Além de estabelecer contatos prévios com possíveis parceiros, as startups que vão representar o Rio Grande do Sul no Cais Mauá se dedicam a preparar suas apresentações na competição internacional que vai apontar os destaques emergentes na área de inovação entre as 50 finalistas.
Os empreendedores deverão, de forma rápida e objetiva, demonstrar por que sua empresa merece vencer a disputa geral ou por categorias como sustentabilidade, saúde e indústria 5.0, entre outras.
— Já treinamos várias vezes o pitch (apresentação, no linguajar das startups), porque deve ser claro, objetivo, feito em inglês e com até três minutos de duração. Nesse tempo, precisamos passar a mensagem sobre o que a empresa faz e como pretendemos mudar o mundo por meio de soluções inovadoras — explica o diretor de Inovação da Instor Projetos e Robótica, de Viamão, Luciano Eifler.
Para quem pensa que é tempo insuficiente para explicar como a empresa usa robôs para aliviar o trabalho humano em tarefas insalubres ou repetitivas, como a desinfecção de ambientes hospitalares, Eifler conta que os empreendedores devem estar sempre prontos para transmitir suas ideias de negócio em prazos até bem mais apertados.
– Tem o que se chama de pitch elevador, que é como se você entrasse no elevador com um investidor e tivesse apenas um minuto para apresentar a sua empresa – conta o diretor da startup, cujo CEO é Miguel Ignacio.
Uma pequena fração de tempo, a partir de quarta-feira, poderá definir o futuro de quem se dedica a trabalhar em prol da inovação no Rio Grande do Sul.
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Outras competidoras
Mais quatro empresas completam a lista de oito representantes do RS na competição de startups do South Summit 2023. As expectativas mais comuns dos empreendedores às vésperas do evento incluem captação de investimento, divulgação de suas áreas de atuação e formação de contatos.
Idez Digital — Localizada em Porto Alegre, procura permitir que empresas ofereçam serviços financeiros como pagamentos, cashback e crédito.
— Nosso foco no South Summit será atrair bastante visibilidade. Estamos em um mercado inovador, com uma solução muito nova. Muitas pessoas nem sabem que é possível embedar (incorporar) serviços financeiros no seu negócio — afirma a CEO, Maria Cristina Kopacek.
Slice — Também localizada na Capital, atua com construção de sistemas operacionais financeiros que conectam e orquestram softwares, pagamentos e banking para plataformas e fintechs.
— Estamos mapeando conexões do mundo inteiro para com investidores, empresas que podem ser clientes ou fornecedores. Nosso objetivo principal é expandir nossa cabeça para conhecer novas tecnologias, conceitos e fazer conexões importantes para o futuro — diz o CEO, Sérgio Zanella Irigoyen.
CowMed — De Santa Maria, utiliza coleiras digitais e inteligência artificial para monitorar o comportamento de vacas e garantir melhores condições de saúde e produção.
— Nossa meta principal será mostrar que a pecuária hoje já é muito tecnológica e sustentável. Nosso trabalho é mostrar como as vacas estão se sentindo. Já são 40 mil animais monitorados hoje no Brasil — afirma o sócio-fundador Leonardo Guedes.
Epigenica Biosciences — A empresa de Canoas cria soluções para diagnóstico e tratamento de doenças com base na epigenética (modificações químicas influenciadas por fatores ambientais que podem afetar a expressão dos genes).
— Queremos fazer muitas conexões e apresentar nossa empresa, nossa solução para o mundo. Já temos algumas agendas com investidores — afirma a CEO, Bárbara Kunzler.