Sirenes, correria, alarmes, barulho, tiros e bombas foram a tônica da simulação de ataque anual promovida pelo Consulado-Geral dos Estados Unidos em Porto Alegre, nesta quarta-feira (9), no bairro Passo d’Areia. Houve bastante movimentação de forças de segurança nas ruas do entorno e dentro das instalações do prédio a partir das 13h, quando o exercício teve início. As ações atraíram alguns curiosos, que aproveitaram para gravar cenas e tirar selfies com os celulares.
A Rua Bezerra de Menezes ficou fechada no trecho entre as avenidas Assis Brasil e Grécia, na Zona Norte, durante o período das 13h até pouco depois das 14h.
O sapateiro Teófilo Torres, 72 anos, que levou até um binóculo para acompanhar a movimentação, era um dos mais animados no espaço onde cerca de 40 pessoas se concentravam quase na esquina da Bezerra de Menezes com a Assis Brasil.
— Temos que estar toda a vida de prontidão — filosofa sobre a preparação dos americanos, com um largo sorriso atrás da fita de isolamento.
O aposentado Jorge Castro, 69, lamenta que não conseguiria assistir às ações até o final.
— Nunca tinha visto antes, estou achando bom — diz.
A podóloga Edna Souza, 57, conta que ficou sabendo da simulação por grupos de WhatsApp.
— É importante para termos o consulado aberto. E mostra a Brigada Militar trabalhando, o que é muito bom — relata.
Quem também acompanhava a simulação atentamente era o protético Antônio Carlos Barbosa, 73.
— É a primeira vez que estou vendo e está muito interessante — comenta, enquanto encolhia os ombros durante uma das explosões.
Postada no outro lado da rua onde as ações se desenvolviam, a porteira Talia Nascimento, 25, não desviava os olhos da invasão que ocorria na porta de entrada de veículos do consulado.
— Acho que dá mais segurança para nós do comércio. Vemos bastante segurança por aqui — atesta.
O governo norte-americano realiza exercícios semelhantes anualmente em consulados espalhados ao redor do mundo como forma de preparar os funcionários para reação a situações de emergência e coordenação com serviços locais acionados em ocasiões de perigo.
— Fazemos esse tipo de exercício todos os anos em nossos postos diplomáticos, mas aqui, em Porto Alegre, deste tamanho, é a primeira vez que temos essa colaboração tão grande tanto da segurança pública quanto da vizinhança. Para nós, é uma oportunidade para testarmos os protocolos para gerenciamento de crises — analisa o diretor regional de segurança do Consulado-Geral dos EUA na Capital, Davis Wallentine, estimando o envolvimento de mais de cem pessoas no exercício.
— O principal objetivo é preparar os funcionários para agir em situações de emergência e cooperar com os serviços de segurança locais — acrescenta a cônsul para imprensa, educação e cultura do Consulado-Geral dos EUA na Capital, Beata Angélica.
Vários órgãos vinculados à segurança pública participaram, como Brigada Militar (BM), Batalhão de Operações Especiais (Bope), Corpo de Bombeiros, Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
O comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Daniel Araújo, avalia o teste.
— Nossa principal missão é fazer o primeiro atendimento e isolar o perímetro para dar condições de o Bope adentrar no local e tornar estável a situação lá dentro — explica, salientando que o 11º BPM é o responsável pela área territorial onde fica o consulado.
O consulado não abriu ao público e não houve atendimento aos solicitantes de visto no período em que o exercício foi realizado.
Como foi
Na prática, a simulação começou após uma explosão realizada no terreno ao lado do consulado. Um carro com terroristas rendeu vigilantes no portão de entrada de veículos da representação diplomática e tentou invadir o prédio. A partir desse episódio, uma série de ações das forças de segurança se iniciou.
Após a chegada da BM e do Bope, as ameaças começaram a ser neutralizadas. Em seguida, entraram em cena o Corpo de Bombeiros e o Samu. A via foi liberada, ocorreu a varredura do entorno e a localização da área da explosão.
Pessoas foram socorridas em macas após receberem os primeiros atendimentos do Samu. Um helicóptero sobrevoou a região, prestando apoio. Pouco depois das 14h, a simulação ficou restrita à parte interna, à qual a imprensa não teve acesso. O exercício estava previsto para ser encerrado em torno das 17h.