Uma atividade de limpeza urbana tem chamado atenção no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, pela sua ineficácia. Quando os caminhões de coleta de lixo erguem os contêineres de dejetos orgânicos para receber e transportar os resíduos, parte do material recolhido fica espalhada pela rua. O motivo são buracos ou defeitos existentes na parte de baixo desses recipientes de metal.
Há mais de um mês, cenas como essa se repetem diariamente na Avenida Praia de Belas, 2.124. No local, estão instalados dois contêineres de lixo. Um deles, sempre que é levantado pelo mecanismo do caminhão, deixa um rastro de sacos e sacolas cheias de imundícies perto do meio-fio da calçada.
Nas imediações do Shopping Praia de Belas, na mesma avenida e logo após uma parada de ônibus no sentido Centro-bairro, outro contêiner exibe o mesmo problema e despeja lixo no chão devido a problemas existentes em sua estrutura.
Porto Alegre conta atualmente com 2.550 contêineres de resíduos sólidos orgânicos. Conforme a prefeitura, as manutenções ocorrem de forma permanente e por demanda.
Dentro do contrato da prestação de serviço, as empresas possuem 200 contêineres reservas para substituição imediata quando algum problema é verificado. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informa que 50 contêineres de lixo são substituídos por mês na Capital.
"O vandalismo é o principal motivo de trocas. Logo após, os descartes irregulares, como caliça, resíduos de construção e móveis. Esses dispositivos são exclusivamente para orgânicos. Um caminhão dessa coleta não consegue recolher um contêiner com o peso de resíduos da construção civil. Isso pode, inclusive, quebrá-lo. Com resíduos volumosos, pode ocorrer, por exemplo, a quebra das tampas", explica o DMLU, por meio de nota.
Segundo o contrato firmado entre a prefeitura e as empresas responsáveis pelos contêineres de lixo, os motoristas dos caminhões têm o dever de sinalizar quando flagram algum problema, a fim de o equipamento ser trocado.
Além disso, a principal orientação dos técnicos do DMLU é que a população ajude e separe corretamente seus resíduos, colocando nos contêineres apenas os descartes orgânicos. Qualquer reparo, solicitação de troca ou avaliação deve ser realizada pelo serviço 156 da prefeitura, por meio de aplicativo, site, WhatsApp ou telefone.
Saiba mais
Após licitação, Porto Alegre está em processo de troca dos contêineres. A empresa vencedora — Consórcio Porto Alegre Limpa — assumiu o lote 1 da operação, que envolve o Centro Histórico, e tem prazo até 1º de dezembro para assumir também o lote 2 (bairros adjacentes à região central onde há coleta por contêineres).
Porém, o Consórcio Porto Alegre Limpa pediu mais prazo para assumir a operação completa. Dessa maneira, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) e o próprio DMLU aplicaram a primeira multa no consórcio. O valor, publicado no Diário Oficial de Porto Alegre de quarta-feira (26), foi de R$ 2.155.121,55. Agora, a empresa tem cinco dias úteis para apresentar recurso administrativo.
O segundo lote está sob responsabilidade da empresa Conesul há mais de seis anos. O recolhimento de resíduos orgânicos na Capital ocorre de forma manual em 80% do território, com o lixo sendo depositado em caminhões. Os demais 20% de lixo orgânico são retirados pelo sistema de contêineres.
Análise de resíduos
Nesta quinta-feira (27), o DMLU promoveu a Ação Lixo Certo, que integra a programação da Semana Lixo Zero. Foram retirados os resíduos de um contêiner situado na Praça Brigadeiro Sampaio, na esquina da Rua dos Andradas com a General Portinho. O material foi depositado em cima de uma lona e passou por análise.
O objetivo foi mostrar as falhas na separação dos resíduos pela população, pois os equipamentos devem receber apenas materiais orgânicos. Já a análise apontou que 40% dos resíduos colocados no contêiner deveriam ser descartados de outra forma.