O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) organizou uma ação para avaliar os resíduos colocados em um contêiner localizado próximo à Praça Brigadeiro Sampaio, no centro de Porto Alegre. O objetivo foi mostrar as falhas verificadas na separação diária dos resíduos sólidos na cidade.
Na região central, os contêineres devem receber apenas materiais orgânicos, que não devem ser misturados aos recicláveis. Na atividade organizada na manhã desta quinta-feira (27), funcionários municipais esvaziaram um recipiente instalado na Rua dos Andradas, quase esquina com a General Portinho.
As sacolas foram depositadas em cima de uma lona e avaliadas pela equipe do DMLU: 40% do que foi coletado não deveria ter sido depositado no contêiner, ou seja, eram materiais recicláveis, que necessitavam ter outra destinação. Conforme o diretor-geral do departamento, Paulo Marques, o resultado da análise é similar ao notado no dia a dia dos trabalhadores do órgão municipal:
— É triste ver essa situação porque trabalhamos muito, existe uma despesa alta com a limpeza da cidade, que é tratada como prioridade pela prefeitura. Vemos que há pessoas que não entendem isso.
Marques mensura o problema com dados. Segundo ele, por dia, são recolhidas 1,1 mil toneladas de resíduos residenciais na Capital. Desse montante, 250 toneladas poderiam ser destinadas à reciclagem se não fossem depositadas em meio ao lixo orgânico. A não separação contamina a parte reciclável, que, desse modo, não pode ser reaproveitada e descartada para um aterro em Minas do Leão. A falha no processo prejudica Porto Alegre em vários aspectos, acrescenta o diretor-geral do DMLU:
— A separação correta diminuiria nosso custo com o recolhimento e com o transporte. Ao mesmo tempo, aumentaria a geração de emprego e renda nas unidades de triagem que têm contrato com o DMLU, e isso melhoraria a vida dessas pessoas. Precisamos que todos tenham essa consciência, se queremos uma sociedade mais agradável para viver.
Marcelo Coimbra, educador ambiental do DMLU há 32 anos, explica o que ocorreria caso outros contêineres da região central de Porto Alegre fossem também avaliados naquele momento:
— Seria parecido com o que vimos aqui. O contêiner foi criado para receber apenas o material orgânico, mas vemos muitas coisas erradas, fora do lugar, misturadas. Com essa atividade (da avaliação dos resíduos), conseguimos ver que o pessoal tem muito a evoluir na questão de aprender a separar os resíduos — diz Coimbra.
A análise, chamada de Ação Lixo Certo, faz parte da programação da Semana Lixo Zero na Capital, que busca debater e conscientizar sobre os resíduos sólidos com diversos setores da sociedade. A semana tem programação prevista até sábado (29), com foco em propostas de soluções para o problema e também com esforços concentrado no viés educativo do tema.
Como destinar o lixo de forma correta
No caso do Centro, os moradores têm de depositar os resíduos orgânicos, como restos de alimentos, nos contêineres de cor cinza distribuídos em diversos pontos. Já os recicláveis, como plásticos, garrafas de vidro e latas de alumínio, devem ser levados à rua em dias da coleta seletiva.
Esse trabalho, no Centro, é feito três vezes por semana, com a coleta automatizada. Em outros bairros da cidade o recolhimento ocorre ao menos duas vezes por semana. Os horários da coleta podem ser consultados neste link.
O material encaminhado para a coleta seletiva é manuseado por trabalhadores das unidades de triagem. Para ser possível a reciclagem, é preciso evitar o mau cheiro e a contaminação dos resíduos.
Para isso, o DMLU indica a utilização de guardanapos ou água para limpar as embalagens com excesso de alimentos. Conforme o departamento, todos os materiais recicláveis passam por processos de limpeza quando chegam à indústria. Desse modo, não é necessária a higienização completa.