Entender que o fracasso faz parte do processo é ponto fundamental para o desenvolvimento de qualquer empresa. A ideia foi tema de painel que abriu as atividades do segundo dia de South Summit, em Porto Alegre, com Flávio Steffens, diretor de relacionamento da Vakinha, e Ricardo Cardoso Abel, CEO da Digital Business.
Os convidados participaram de mesa interativa no espaço RS Innovation, na manhã desta quarta-feira (4), no Cais Mauá.
A Vakinha é considerada uma das principais plataforma de impacto social em funcionamento hoje no Brasil. Antes deste posto, porém, muitos erros estiveram no percurso do empreendedor.
Sem se envergonhar dos tropeços, Steffens conta que uma trapalhada em 2010 foi fundamental para traçar os passos seguintes, mais seguro do que estava fazendo. Naquele ano, ele investiu em um projeto para construtoras venderem pela internet.
— Era tipo um Netflix — define.
Embora a ideia pudesse ser inovadora, faltava conhecimento sobre o mercado, o que foi mortal para o prosseguimento do projeto. O aprendizado com o episódio foi determinante para o que veio depois.
A partir do projeto que deu errado, Steffens lançou em 2012 um crowdfunding para ajudar a causa animal que deslanchou, arrecadando R$ 800 mil em três anos. O Bicharia acabou sendo estalo para o que viria adiante, com o Vakinha.
— Mas só deu certo porque lá atrás deu tudo errado — disse.
A experiência com os erros fez o empreendedor traçar três conselhos que considera fundamentais para qualquer empreendedor que queira viabilizar um negócio. O primeiro é não se deixar levar pela paixão a uma ideia.
— A paixão cega pela ideia, muito tradicional entre os empreendedores, faz trazer a emoção para o negócio e focar mais nas crenças do que nos fatos. Todo problema tem uma solução, mas nem toda solução tem um problema, e a gente se apaixona pela solução.
Para evitar isso, ele recomenda focar no problema. Isso, diz, pode abrir para várias soluções possíveis.
O segundo ponto é não trabalhar com um mercado que não se conhece ou domina. Apostar em um nicho sem conhecer as suas nuances, o que está por trás e o que movimenta aquele mercado, avalia, é um tiro no pé.
Por fim, a terceira dica do empreendedor é nunca apostar todas as fichas em "planos infalíveis". Ou seja, movimentar todo o recurso disponível e descobrir tarde demais que aquele problema não tinha uma solução.
— Para não correr o risco de, se precisar mudar de rota, não ter mais recursos para utilizar — diz.
Ricardo Cardoso Abel, da Digital Business, reforçou que os erros sempre vão existir, mas que quando se tem maturidade para lidar, eles são resolvidos rapidamente.
Os painelistas acrescentam que, dependendo do ponto de vista, o fracasso pode ser o trampolim dos negócios. Mas, para isso, defendem que é preciso retirar o "tabu" que existe em torno do fracasso e não encará-lo como uma derrota definitiva, e sim gerir o erro como processo de aprendizado.