Um movimento chamou atenção de quem passava pelo Parque Moinhos de Vento, o Parcão, em Porto Alegre, na manhã desta segunda-feira (9). Um grupo de pessoas tentava capturar, com gaiolas, aves que vivem no lago existente no local. Elas serão doadas à Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), que garantiu a guarda responsável e de forma gratuita.
Técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) e da empresa Athena, especializada no manejo de animais, trabalham na retirada de 26 patos, um marreco e um ganso, todos adultos e habitantes do local. Uma bióloga e uma veterinária da secretaria, junto de funcionários da empresa, em um total de 10 pessoas, instalaram gaiolas com alimento para que os animais entrassem espontaneamente.
A remoção dos antigos habitantes do lago já havia sido anunciada pela prefeitura em setembro. Ainda no ano passado, oito filhotes de patos foram retirados após identificação de que estavam em risco por causa de predadores, que incluem cágados e cachorros.
Uma das aves chegou a ser capturada na manhã desta segunda-feira, mas foi devolvida. Conforme os técnicos, não valeria a pena levar apenas uma nesse momento. Além disso, a ideia é que os animais comecem a se acostumar com as gaiolas. Segundo Alex Souza, diretor da Smamus, a remoção será feita de forma gradual e com o mínimo de estresse para os pássaros.
— Esperamos retirar todas as aves até o final do mês de maio. Devido às obras de revitalização previstas para o segundo semestre, serão colocados tapumes e os animais não teriam como entrar e sair do lago, podendo se machucar — diz.
A empresa contratada para recuperação do lago irá desenvolver trabalhos de desassoreamento, projetos civil e de sistemas de drenagem, de paisagismo, além de gerenciamento ambiental, educação ambiental e manejo de fauna e flora. A intervenção é resultado de Termo de Alienação de Solo Criado por Contrapartida (TASCC) firmado com a Melnick Even Coqueiro Empreendimento Imobiliário para a aquisição de índices construtivos necessários para a implantação do empreendimento na avenida Nilo Peçanha.
A retirada dos animais ainda cumpre uma decisão judicial. A 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre determinou, de forma liminar, que sejam realizadas ações de recuperação do lago e proteção dos animais, com base em uma ação civil pública da ONG União Pela Vida.
Na Ulbra, elas serão acomodadas junto a açudes do campus em Canoas. A prefeitura assegura que a nova casa das aves atende aos requisitos técnicos e de bem-estar dos animais. Alex destaca que, diferente do Parcão, os açudes são cercados, o que garante mais segurança aos animais.
O diretor da Faculdade de Veterinária da Ulbra, Paulo Aguiar, afirma que equipe composta de professores, alunos e tratadores "já está a postos para dar toda a assistência necessária aos novos habitantes da Fazenda Escola do Curso de Veterinária". Também destaca que "os ambientes foram preparados com abrigos e comedouros necessários para a segurança e bem-estar". As aves serão recebidas, exclusivamente, para fins de ornamentação
A prefeitura da Capital ressalta que o lago do Parcão não é apropriado para receber animais. Todos os que estão ali foram abandonados. Foram colocadas placas no entorno para orientar a população.
É proibido e considerado prática de maus-tratos o abandono de animais, conforme o Decreto Municipal nº 20.561/2020, que regulamenta a Lei Municipal nº 694/2012 e a Lei Federal nº 9.605/1988. O responsável está sujeito a sanções penais e administrativas.