Quem gosta da companhia dos patos, marrecos e gansos durante o passeio no Parque Moinhos de Vento, o Parcão, deve começar a se despedir. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus) afirma que, "a longo prazo", os animais serão realocados.
Oito filhotes de patos já foram retirados do lago após identificação de que estavam em risco por causa de predadores, que incluem cágados e cachorros. Sob guarda de uma ONG hoje, eles serão levados para o Santuário Filhos da Luz, em Tramandaí, que acolherá os animais de forma voluntária.
Há cerca de 30 aves no lago do Parcão, entre patos, marrecos e gansos. Todas passarão por exames antecipando a futura remoção, que ainda não tem data definida. Segundo a Smamus, há uma Instrução Normativa estabelecendo que animais que forem para locais onde haverá convivência com outros bichos deverão fazer exames de salmonella.
— Após os resultados, serão definidas as condutas e o destino dos animais — diz Alex Souza, diretor de Áreas Verdes da Smamus.
Os animais podem ser infectados por ingestão de alimentos ou água inadequados ou ainda pelo contato próximo com um animal infectado. Embora o texto da Instrução Normativa não cite patos e marrecos especificamente, a Smamus preferiu adotar essa prevenção — a empresa que fará os testes já foi contratada.
— Na verdade, não era para ter patos ali. A gente nunca colocou patos no Parcão. Eles estão ali porque as pessoas abandonam e eles se procriam. Não é um habitat bom pra eles — explica Alex Souza. — Patos não deveriam estar em parques abertos, sujeitos à ação de vândalos e outros animais.
Patos como os do Parcão não são animais nativos. Foram colocados ali por ação do homem, mas se adaptaram e se reproduziram.
A reprodução ocorre na água, a partir dos sete meses de idade. Um pato macho acasala com até quatro fêmeas, o que gera cerca de 50 patinhos. O choco é de 32 dias. Se não receberem ração, se alimentam de vegetação aquática, insetos e peixes. Podem viver entre 10 e 20 anos, conforme a raça e o ambiente.
Jacinta Schmitz, moradora do bairro Moinhos de Vento e frequentadora do parque, que denunciou o sumiço de patos no começo do ano, não demonstra surpresa ao receber a notícia.
— As pessoas, acho que não vão gostar, mas os patos não devem servir como diversão para cachorro. Tem cachorródromo no parque e, mesmo assim, as pessoas deixam seu cachorros se divertirem e perseguirem os pobres patos — lamenta.
Jacinta, que conhecia os patos tão bem a ponto de dar nome para eles, defendia que fossem melhor alimentados e que houvesse maior fiscalização para evitar supostos furtos de animais. Agora, ela se preocupa apenas com a adaptação das aves onde forem realocadas.