Abandonado no bairro Rio Branco, o imóvel onde funcionava o Hospital Álvaro Alvim foi vendido pelo Ministério da Economia em leilão nesta quarta-feira (27). Apenas uma empresa teve interesse no prédio, a construtora e incorporadora Melnick, com lance de R$ 17.511.000,99 — 1,5% acima do valor mínimo.
Com lances a partir de R$ 23 milhões, o terreno de 9,6 mil metros quadrados e 10,4 mil de área construída já tinha ido a leilão em março, mas resultou deserto (sem interessados). Para a segunda tentativa, a União baixou o valor mínimo para R$ 17,25 milhões — embora, no ano passado, o Ministério da Economia tenha avaliado o imóvel em R$ 31,3 milhões.
No edital, não havia nenhuma recomendação de uso aos compradores: o hospital pode ser demolido para construção de qualquer tipo de imóvel. Até a publicação desta matéria, a Melnick não havia informado quais são seus planos para a área.
Na terça-feira (26), GZH mostrou que lideranças do PT pediam intervenção do Ministério Público Federal (MPF) pelo cancelamento da venda. O órgão confirmou a tramitação de duas notícias de fato, uma para apurar a regularidade do leilão e outra para manter a destinação do imóvel como hospital, mas não informou se os procuradores tomarão alguma providência.
A reportagem questionou o governo federal sobre o motivo da venda do prédio, onde funcionava uma unidade do Hospital de Clínicas. Por meio de nota, a Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU) afirmou que o imóvel gerava custos e estava "sem uso efetivo", além de ter permanecido cerca de 10 anos (sob administração do Clínicas) com utilização de apenas 10% da sua área total. Também destacou que "não houve manifestação de interesse público do Estado do Rio Grande do Sul e do município de Porto Alegre em desenvolver políticas públicas voltadas ao imóvel, seja na área da saúde ou qualquer outro segmento".
Sobre o lance mínimo, a pasta reiterou que não houve interessados no leilão com valor de R$ 23 milhões, então foi reduzido o lance de acordo com a Lei 14.011, que possibilita o abatimento de 25% sobre o valor da avaliação do imóvel.
Antigo Hospital Luterano da Ulbra, o Álvaro Alvim foi repassado ao Hospital de Clínicas em 2011, com leitos para pacientes com dependência química de álcool ou drogas. O espaço foi fechado em abril de 2020, quando os profissionais foram realocados para a sede principal do Clínicas para reforçar o combate à pandemia. Já havia um plano de encerramento das atividades para a otimização de recursos e manutenção da sustentabilidade da instituição, e a administração do hospital decidiu não retomar os trabalhos ali.
Na semana passada, reportagem de GZH mostrou a rotina de medo vivida por moradores do bairro Rio Branco em razão dos constantes furtos e atos de vandalismo no antigo Hospital Álvaro Alvim. A prefeitura de Porto Alegre tem trabalhado no isolamento do espaço para evitar novas invasões.