Um novo capítulo se abre na história de amor da cachorrinha Paçoca e de sua tutora Joana Gioscia: resgatada em um posto de combustíveis na RS-040, em Viamão, no final de novembro, a cadelinha, que sofre de problemas cardíacos, conseguiu realizar a cirurgia de que necessitava. Além de garantir a saúde do bichinho, a operação realizada na última quinta-feira (13) foi um feito inédito na Região Sul. Agora, Paçoca poderá levar uma vida normal.
— Ela está melhor do que imaginava — ressalta a médica de 28 anos. — É um alívio saber que deu tudo certo.
A cachorrinha foi diagnosticada com uma má formação no caminho que o sangue faz ao sair do coração, que pode causar insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar. Apesar da disposição da mascote de um ano e meio, a doença já mostrou os efeitos em eletrocardiogramas. O coração de Paçoca começou a dar sinais de expansão, o que a levaria à morte em alguns anos, além de uma má qualidade de vida.
A realização da cirurgia foi possível através de uma arrecadação feita por meio de vaquinha, que teve 80% da meta atingida, e de rifas. Ao contrário do que era esperado, o próprio cirurgião veterinário Guilherme Goldfeder, o único no país a realizar a cirurgia, se deslocou de São Paulo ao RS, ao invés da pequena cadela — que não pode viajar de avião devido ao problema — ir ao Sudeste.
Além de melhorar a expectativa de vida de Paçoca, a cirurgia alcançou um feito inédito: foi a primeira oclusão de uma persistência do ducto arterioso (PDA) utilizando um dispositivo chamado ACDO realizada na região sul do país. A técnica reparadora minimamente invasiva, utilizada nos Estados Unidos, corrige a região com má formação. A cirurgia foi realizada no Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas:
— Ela já está curada, com a vida normal. Só tem três pontos — afirma Goldfeder.
— Quando ficamos sabendo que era uma cirurgia que ia curar, não pensamos duas vezes — conta Joana.
No momento, a cadelinha se recupera na casa nova da família, com um avental para não arrancar os pontos. Ela ainda terá de fazer alguns exames e manter um acompanhamento.
— Era para fazer repouso absoluto, mas a moça não consegue, sobe no sofá, sobe na cama…Mas está superbem, foi minimamente invasiva a cirurgia mesmo — revela Joana sobre a companheira, que já brinca e come. — Ela é muito forte. Imagina, já passou por muita coisa.
Goldfeder ressalta que a grande vantagem da cirurgia é a pronta recuperação:
— Eles se recuperam tão rápido que nem parece que passaram por uma cirurgia de coração.
Paçoca também já se recuperou das outras doenças que trouxe do período em que esteve abandonada, como anemia e infecção por carrapato.
O plano agora é aproximá-la de Dora, a pinscher de três anos de Joana, que vai ter de se acostumar à nova companhia.
— E vida nova para todo mundo — conclui a médica.
Produção: Fernanda Polo