Uma troca de olhares depois de um carinho fez com que a médica Joana Gioscia, 28 anos, resgatasse a cachorrinha Paçoca de um posto de combustíveis na RS-040, em Viamão. Chegando a Porto Alegre, a primeira visita ao veterinário para banho, medicação e exames mostrou que o coração de Paçoca enfrenta uma batalha ainda maior do que a fome e o abandono, superados por ela ao invadir o carro de Joana no último dia 30 de novembro.
A cachorrinha foi diagnosticada com uma má formação no caminho que o sangue faz ao sair do coração e pode causar insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar. Apesar da disposição da mascote de um ano e meio para brincar com outros cachorros na clínica onde está internada e as constantes demonstrações de afeto com Joana, a doença já mostrou os efeitos em eletrocardiogramas. O coração de Paçoca começou a dar sinais de expansão, o que a levaria à morte em alguns anos, além de uma má qualidade de vida.
A cura, no entanto, existe: o cirurgião veterinário Guilherme Goldfeder, em São Paulo, aplica uma técnica reparadora minimamente invasiva, utilizada nos Estados Unidos, que promete correção da região com má formação. Joana e o noivo já investiram mais de R$ 3 mil nos primeiros 10 dias de tratamento de outras doenças que Paçoca trouxe do período abandonada, como anemia e infecção por carrapato. O casal organiza rifas e fez uma vaquinha online para conseguir pagar a cirurgia que custará R$ 10 mil.
— Quando ouvi o problema que ela tinha, meu mundo caiu. Era para ser só um resgate e encaminhar ela para adoção, e agora estamos super apegados com ela. Não tem nenhuma chance de eu desistir dela ou deixar sem o tratamento, por mais caro e difícil que seja — explica Joana, que ainda assimila as mudanças que a surpresa acarretou ao final de ano dela e da família: — Por sorte temos como receber ela, meus pais e o noivo também já estão mobilizados ajudando.
A arrecadação acontece ao longo de dezembro, ao mesmo tempo que Joana se divide entre o trabalho de médica, os cuidados com Dora - sua cadela pincher de 3 anos, também adotada -, e uma mudança de apartamento em curso.
O objetivo estabelecido por Joana na plataforma de vaquinha digital é apenas o valor da operação, sem considerar a viagem e a acomodação em São Paulo, local do tratamento.
Por conta da situação cardiovascular, Paçoca não pode embarcar em avião. Os mais de 1.100 quilômetros que separam Porto Alegre da maior cidade do Sudeste serão percorridos no carro da família.
— A gente se escolheu e ela vai ficar conosco, vou dar um jeito de fazer a cirurgia — promete a dona, que ainda não pôde levar Paçoca para casa por conta da mudança e da fragilidade da saúde da cachorrinha.
Juliana Aguiar, veterinária responsável pela Paçoca na clínica Águia, onde o animal está internado desde o dia 30, explica a gravidade do problema cardíaco da cachorrinha. Antes de resolver ele em São Paulo, no entanto, é preciso tratar a infecção por carrapatos e a anemia.
— Ela chegou bem debilitada, mas já engordou 600 gramas nestes 11 dias de internação. No ecocardiograma foi constatada PDA (persistência do ducto arterioso). Das doenças cardíacas congênitas, ela é a mais comum em cães, porém, não é uma doença comum. Se não fizer a cirurgia, tem riscos de ficar com sobrecarga cardíaca e isso pode causar edema pulmonar, fibrilação atrial e outras situações — detalha a veterinária.
Como ajudar
Até as 15h desta sexta-feira (10), 21 pessoas tinham doado para a vaquinha, que soma R$ 1.195 e pretende chegar aos R$ 10 mil. Para ajudar Joana e a Paçoca a conseguirem a operação que vai corrigir o problema cardíaco do bichinho, acesse este link.