Moradores do bairro Jardim Estalagem, em Viamão, tiveram suas rotinas alteradas na manhã desta quinta-feira (4). Recenseadores do IBGE começaram a passar nas casas para os testes preparatórios para o Censo Demográfico 2022.
Os testes começaram a ser feitos em todo o Brasil. No total, 250 recenseadores percorrem bairros de capitais ou localidades afastadas de diferentes regiões. No Rio Grande do Sul, o único local a receber os preparativos é o bairro Jardim Estalagem, em Viamão, escolhido pela facilidade e acessibilidade. O trabalho seguirá até 19 de novembro.
O objetivo do teste é avaliar os equipamentos e sistemas de coleta, abordagem e protocolos de prevenção à pandemia. Os recenseadores passaram por cinco dias de treinamento.
— Eles estão aplicando o que receberam ao longo do treinamento. As dificuldades serão observadas para que os processos sejam corrigidos até o início do Censo — explica o coordenador técnico do Censo Demográfico 2020-2022, Cláudio Franco Sant’Anna.
Os testes envolvem todas as etapas do Censo. Em Viamão, o lançamento ocorreu nesta manhã na Unidade Básica de Saúde Estalagem, na Rua Raquel Wolf.
— O Censo é a pesquisa mais fundamental do país. Nos diz quais são as características dos moradores, como são os domicílios, se tem água ou esgoto, e também as características do entorno do domicílio. É um verdadeiro retrato, que serve como fundamento para a adoção de políticas públicas — disse o diretor de geociências do IBGE, Cláudio Stenner.
Também participaram do evento o chefe da unidade estadual do IBGE, José Renato Braga de Almeida, o coordenador operacional do Censo no Estado, Luís Eduardo Puchalski, e o prefeito de Viamão, Valdir Bonatto.
Os questionários
O teste em Viamão envolve 15 profissionais do IBGE, além de 33 observadores que levarão as experiências para outras regiões do Estado e três observadores do Rio de Janeiro. No total, nove recenseadores passarão em um total de 1,2 mil domicílios.
São dois tipos de questionários, que são selecionados aleatoriamente. O “básico” tem 26 perguntas, como idade, sexo, alfabetização, renda, abastecimento de água, coleta de lixo e número de moradores da residência. Já o questionário “amostra” conta com 76 perguntas, e abrange itens como religião, trabalho e rendimento, fecundidade, migração, trabalho e deslocamento e escolaridade.
Nos casos em que os moradores dizem não poder participar naquele momento, os recenseadores coletam dados para realizar a pesquisa pela internet ou telefone em outro momento.
Moradora do bairro Jardim Estalagem há três anos, Norma Silva Galarça, 69 anos, foi uma das entrevistadas nesta quinta-feira:
— Eu já sabia todas as respostas de cabeça, então, foi bem rápido. Para mim, é bem tranquilo. Eu já havia participado do Censo em outros anos. Acho muito importante — diz a aposentada.
O recenseador Aluísio Moreira Nabinger, 28, conta que a receptividade dos moradores da região foi boa:
—Até agora, as pessoas estão muito receptivas e prestando informações. Praticamente ninguém está deixando de responder, com exceção daqueles que não estão em casa ou estão impossibilitados.
Os recenseadores vestem boné, colete e bolsa azuis, com a logomarca do IBGE. No colete, também há o crachá de identificação, com foto, nome e número da matrícula. Eles usam um equipamento semelhante a um smartphone para coletar os dados, que são sigilosos e enviados em tempo real. Os moradores podem verificar a identidade de todos os entrevistadores pelo site respondendo.ibge.gov.br ou pelo telefone 0800 721 8181.
O Censo
O Censo Demográfico 2022 vai visitar os mais de 70 milhões de domicílios em todo o país entre junho e agosto do próximo ano. Somente no Rio Grande do Sul, são mais de 4 milhões.
Serão mais de 180 mil recenseadores em todo o Brasil, e quase 12 mil no Rio Grande do Sul.
O último censo foi realizado em 2010. O próximo deveria ter sido realizado em 2020, mas foi adiado para o ano seguinte por conta da pandemia. Em 2021, foi suspenso por falta de recursos.
Em maio deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em plenário que o governo federal tem obrigação de realizar o Censo Demográfico. Desde então, o IBGE alerta para a necessidade de recomposição do orçamento.
O instituto ainda espera pela aprovação da totalidade de recursos necessários ao trabalho de campo. A equipe econômica deu aval à recomposição do orçamento necessário, através de um ajuste no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2022 apresentado pelo governo federal ao Congresso Nacional. Dessa forma, o IBGE receberá os cerca de R$ 2,293 bilhões demandados para viabilizar o censo em 2022, em vez dos R$ 2 bilhões destinados na primeira versão do texto.